[Crítica] Sete Homens e um Destino

“Sete Homens e um Destino” foi um grande clássico de faroeste dos anos 60, que por sua vez era um remake do clássico japonês “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa. Isso já causa certo desconforto no público, afinal se trata de um remake de outro remake.

Sete Homens e Um Destino felizmente conta com um elenco de primeira, dirigido por Antoine Fuqua, famoso por fazer grandes filmes com Denzel Washington, sempre envolvendo criminosos rodeado de temáticas bairristas sobre a defesa de pessoas humildes e pacatas em um bairro ou cidade, o que combinou muito bem com a proposta dessa produção.

Na história do filme, um grupo de habitantes de uma pequena cidade são atacados por um bando de pistoleiros. Após saques, mortes e muitos feridos, Emma Cullen (Haley Bennett) resolve buscar justiça para seu povo e decide pedir ajuda ao pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington), que para enfrentar essa situação decide reunir um time de sete inusitados pistoleiros para dar um fim ao sofrimento dessas pessoas.

 

sete-homens-e-um-destino-2016-agambiarra

 

Vamos começar falando um pouco sobre a direção de fotografia, representada aqui por uma clássica e ensolarada paleta de cores quentes de faroeste, utilizando de planos de câmera mais frenéticos e modernos para os momentos de ação, planos fechados em seus diálogos e muitas cenas panorâmicas no decorrer do filme que aproveitam bem o rico cenário e ambiente do velho oeste. O filme não é criativo em suas cores, mas se encaixa na proposta de filme pipoca e homenagem à clássicos, usando uma boa mistura de linguagem moderna e clássica.

Quanto ao figurino e direção de arte eles estão impecáveis. Ambos são muito bem criativos e adequados à época, ajudando a compor cada uma das diferentes personalidades e o contraste entre os personagens.

 

cena-do-filme-sete-homens-e-um-destino-1474409277483_956x500

 

O roteiro possui seus erros e acertos. Dotado de uma história dinâmica e simples, com atmosfera de faroeste e guerra, o filme se sai muito bem ao deixar uma história bem estruturada e equilibrada entre a escalação dos pistoleiros dividido em dois núcleos, e depois de reuni-los, parte para a preparação para o grande confronto.

O filme acerta na estrutura geral, apresentação e caracterização de seus personagens, e na trama assim como nos dilemas do protagonista. No entanto o roteiro abusa de seu tempo e tenta trabalhar algumas subtramas que não são bem desenvolvidas, e faltam informações para entender melhor as motivações de alguns dos heróis.

O forte elenco do filme se caracteriza por diversas atuações marcantes divertidas e carismáticas, intercaladas em momentos dramáticos e cômicos, com apenas alguns poucos deslizes.

 

mag7-bhlee-ehawke

 

O destaque fica por conta do carisma e presença em cena de Denzel Washington como Chisolm e de Chris Pratt com muito charme e ótimo timing de comédia como Josh Faraday, a química dos dois é boa e bem desenvolvida, mas acaba ofuscada por Goodnight Robiecheaux e Billy Rocks, interpretados por Ethan Hawke e Lee Byung-hun, em uma bela relação de amizade e respeito, muito privilegiada por uma atuação sombria de Hawke, e pela atuação corporal de Byung-hun. Há também diversas cenas marcantes com Vincent D’onofrio e seu estranho e divertido Jack Horne e da Haley Bennett como a independente e forte Emma Cullen.

Mas o filme infelizmente se destoa nas atuações apáticas de Manuel Garcia-Rulfo como Vasquez, e de Martin Sensmeier como Red Harvest. Fora isso, o longa desliza feio quando Peter Sarsgaard atua como o vilão Bartholomew Bogue, que não consegue passar para o público o conceito de ameaça que a trama exige dele, tudo isso devido a uma performance canastrona e caretas desnecessárias.

A direção de Antoine Fuqua é firme e traz elementos de sua marca como o próprio Denzel Washington, além de mostrar muitas ideias relacionadas a bairrismo. O diretor consegue ir além de suas marcas, ao trazer um tom estilizado e recheado de referências a inúmeros faroestes clássicos em uma roupagem moderna e multiétnica de seu grupo de pistoleiros anti-heróis.

A trilha combina bem com a proposta, e nos faz recordar de vários filmes antigos do gênero, mas ainda falta um pouco de personalidade para torná-la realmente marcante e carismática. A edição e mixagem de som estão primorosas, trazendo o impacto que se precisa em seu clímax recheado de tiros e sangue.

Mesmo com seus defeitos e deslizes no roteiro, algumas atuações pouco inspiradas e sua trilha sem muito charme, o filme se garante com um saldo extremamente positivo, divertindo como uma grande aventura block-buster cheia de humor, carisma, bons personagens e sequências frenéticas de ação, e mesmo com todo o clima de guerra que percorre a trama, podemos dizer que esse é um dos filmes mais divertidos e descontraídos do ano até agora.

REVER GERAL
Roteiro
8
Direção
8
Atuações
8
Direção de Fotografia
7
Direção de Arte
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.