Crítica: Silêncio (Silence)

Martin Scorsese trabalhou durante décadas na produção de seu novo filme “Silence”. Assumidamente católico, Scorsese declarou que o longa é um dos projetos mais pessoais realizados por ele.

O filme pode não agradar os fãs acostumados com as produções de Scorsese voltadas para o mundo criminal norte-americano, como Taxi Driver (1976) e Os Infiltrados (2006) e talvez, devido a isso, as opiniões sobre a obra estão bastante dividas.

Baseado no livro do escritor japonês Shûsaku Endô publicado em 1966, o longa narra a história de dois jovens padres – Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver) – que partem de Portugal com destino ao Japão em busca de seu mentor, o padre Cristóvão Ferreira (Liam Neeson) depois que a Igreja deixou de receber notícias suas, justamente durante uma época em que cristãos eram vítimas de perseguição e tortura no Japão.

O filme levanta questões sobre as diferentes percepções do catolicismo, a busca pela fé e abre espaço para seu questionamento, na maioria das vezes, expresso pelo padre Rodrigues que se indaga sobre o silêncio de Deus diante do sofrimento vivido pelos cristãos no país.

São os conflitos vividos pelo padre Rodrigues que conduzem o enredo e inclusive, Andrew Garfield – atualmente também em cartaz com o filme “Até o ultimo homem” – merece elogios pela atuação impecável.

Impecável também foram as locações escolhidas para a filmagem do longa. Retratadas pelo olhar do mexicano Rodrigo Prieto, as belas paisagens, cores e enquadramentos oferecem ao público um show de imagens, capaz de imergir o público na obra. Não é a toa que o filme está concorrendo ao Oscar na categoria de melhor fotografia.

Durante as 2 horas e 40 minutos de duração, o filme acaba se tornando monótono em algumas passagens, talvez esse seja seu único ponto negativo. Porém, é compreensível a extensão da obra – que inicialmente iria durar pouco mais de 3 horas – já que o livro em que Scorsese se baseou para a adaptação é um longo e detalhado relato da perseguição sofrida pelos cristãos no Japão, além de rico em personagens que não podiam deixar de serem retratados.

https://www.youtube.com/watch?v=rYh6nXHnA4E

“Silence” teve sua estreia no Brasil transferida de 9 de fevereiro para 9 de março.