Crítica: Skinamarink – Canção de Ninar

Skinamarink – Canção de Ninar é uma das grandes sensações do ano ao inovar dentro do terror através de uma proposta experimental que convida o público a complementar a história com sua própria imaginação.

A produção escrita e dirigida por Kyle Edward Ball traz uma história sobre as crianças Kaylee (Dali Rose Tetreault) e Kevin (Lucas Paul) que acordam no meio da noite e após o pai (Ross Paul) desaparecer, logo elas percebem que estão em um lugar desconhecido com portas e janelas desaparecendo e uma voz misteriosa e aterrorizante os guia nesse novo cenário sinistro.

Existem pequenas pistas vagas deixadas pela trama que nos levam a refletir sobre os acontecimentos, trata-se de uma obra que mescla os momentos desconfortáveis de A Bruxa de Blair com os eventos inexplicáveis de um episódio de Além da Imaginação, assim se constrói uma experiência única e imersiva que dependendo do público pode ser angustiante ou entediante.

O pouco que vemos nos traz diversas sensações e nenhuma explicação, a narrativa simula um medo do desconhecido através de uma ótica inocente dessas crianças, o que acaba sendo um ótimo exemplo de um pesadelo infantil palpável e surreal que brinca com suas emoções em cada nova situação que os irmãos se encontram dentro da casa.

Tematicamente podemos enxergar que é um filme também sobre outras emoções além do terror, pode evocar tristeza e desamparo e muito do que esses personagens descobrem nesse lugar misterioso poderia ser interpretado como uma representação do inconsciente deles lhes dizendo algo sobre a relação dos irmãos com seus pais ou com o mundo.

É nesse ponto que o filme se sobressai já que dentro das sensações de abandono se constrói uma relação emotiva dos jovens vista por um olhar documental e realista, dentro da minha perspectiva observei como sendo duas crianças lidando com um divórcio dos pais e a sombra do passado de uma relação abusiva pairando sobre eles, muito disso sendo trazido pela criatura que conversa com os dois irmãos.

Há muitas possibilidades e todas elas dependem de como o público se relaciona com a obra e como experimenta as sensações e elabora suas explicações dentro de sua própria lógica, talvez seu erro esteja menos na linguagem proposta e mais na duração longa que pode prejudicar sua imersão.

Mas em tempos atuais onde vemos cada vez mais estúdios e diretores resgatarem o espetáculo do cinema através da união mágica de imagens e sons, Skinamarink – Canção de Ninar se torna um bom representante do terror com uma produção que nos faz sentir emoções sinistras e pesadas ao longo de uma sessão que é um puro pesadelo.