Crítica: Stargirl (2ª temporada)

A segunda temporada de Stargirl apresentou certas mudanças em relação ao primeiro ano da série, porém também mostrou como a produção conseguiu se consolidar de maneira que atingisse tanto um público adolescente que nunca teve contato com quadrinhos, como também conquistou os fãs de super-heróis que sempre pediram por um conteúdo sem vergonha do gênero.

Tudo nesse ano gira ao redor dos dramas dos personagens e de como esses problemas psicológicos que enfrentam precisam ser superados para que derrotem o vilão Eclipso, ao mesmo tempo que novos heróis e vilões aparecem na cidade e segredos do passado são aos poucos revelados.

Isso faz com que a temporada trabalhe dentro de um ritmo bem próprio, aqui se assemelha muito a uma narrativa “slow burn”, algo na linha de filmes de terror como A Hora do Pesadelo, onde pequenas situações de suspense macabro aparecem aos poucos até a série tomar um caminho bem aterrorizante, mas sem perder seu senso de humor e clima aventuresco de sessão da tarde.

Existe sempre um bom espaço para aprofundar as relações do grupo, como de Yolanda (Yvette Monreal) com Courtney (Brec Bassinger) ou até para reflexões mais internas como de Rick Tyler (Cameron Gellman), novos personagens como Jennie-Lynn Scott (Ysa Penarejo) e além de dar continuidade à pontas deixadas na última temporada como o arco de Cameron Mahkent (Hunter Sansone), mesmo que fique um pouco em segundo plano devido à conflitos maiores.

Porém, há certas escolhas que podem soar estranhas, eles apresentam personagens e conceitos para guardá-los para serem usados depois, isso faz com que controlem melhor o cenário e a trama, mas pode acabar soando desconexo e o mesmo pode ser dito de uns dois episódios no meio da temporada, pois trazem um drama intenso que pode ser que destoe da própria abordagem de aventura infanto-juvenil brega da série, mas nada que vá atrapalhar o saldo geral da temporada.

Entre os protagonistas quem realmente brilha nessa temporada é Cindy Burman com uma atuação bem inspirada de Meg DeLacy e graças ao roteiro que toma tempo para desenvolver suas nuances e complicações psicologicas tornando ela muito mais que uma patricinha malvada.

Além disso adições interessantes como o carismático Jonathan Cake atuando como Penumbra e um papel mais relevante para Trae Romano trabalhar como Mike levam a todo um desenvolvimento diferente dos conflitos, mas claro tudo é feito sem esquecer do pilar central da série, Pat e Courtney que tem momentos incríveis e emocionantes de uma química ainda mais forte de Luke Wilson e Brec Bassinger.

Ao longo da temporada também é perceptível, como há um desejo maior em resgatar o tom da Era de Ouro de Super-Heróis e um certo sentimento oitentista de maravilhamento em aventuras, na primeira temporada isso era um tempero especial, mas aqui se torna seu coração, isso até encaminha para algumas sequências surreais como em um combate na escola (melhor dirigido e coreografado que muitos filmes de heróis) e até pro finale que assume a simplicidade, exagero e a diversão de gibi.

Stargirl de muitas maneiras era uma série que tinha tanto o apelo popular de Meninas Malvadas como de um Shazam!, combinados com certas inspirações de Spielberg, mas agora conseguem adicionar uma pitada de Wes Craven, isso faz o segundo ano da série ganhar uma própria identidade ( o que faz sentido pensando que agora terá subtítulos em cada temporada), além de ainda ser um drama juvenil de grande qualidade que faz um ponte entre gerações com muita sinceridade.

A segunda temporada fez com que a série se encontrar em sua força e evoluir seus personagens, conforme adiciona novos elementos em sua história continuando a entregar uma produção que agradará diversos tipos de público, mas sem esquecer do material original das HQs e de ser uma típica trama sobre uma cidade pequena cheia de conflitos entre heróis e vilões.

A duas temporadas de Stargirl estão disponíveis na HBO Max.