No dia que era para ser o mais especial de sua vida, Rachel (Kristen Bell) é abandonada no altar ao lado de seu pai que se ausentou de sua vida por cerca de 27 anos. O mundo caiu, tudo trágico, mas ela não parece se importar muito, pois o que ela gosta mesmo é de trabalhar.
Ser abandonada, não é algo fácil, principalmente por quem você tem um laço muito forte, porém Rachel conseguiu construir sua independência tanto que o seu maior foco está no trabalho. A personagem tem dificuldades para construir relações humanas e apesar do filme não se aprofundar na sua relação com Owen (Jon Foster), subentendemos que ela não o prioriza e nem lhe da atenção, ficando muito mais tempo no celular. Ao ser deixada no altar, Rachel segue com as suas atividades normais até que seu pai Harry
(Kelsey Grammer) chega em sua casa e por insistência dele, eles saem para beber e em seguida por insistência dela, eles acabam embarcando em um cruzeiro luxuoso rumo ao Caribe. A viagem que deveria ser a sua lua de mel acaba se tornando uma chance para que Rachel possa conhecer o seu pai melhor.
Durante a viagem, os dois têm que aprender a conviver não apenas um com o outro, mas também com seus companheiros de mesa que vão acompanhá-los durante toda a aventura, todos em casais que tentam amenizar o mau humor de Rachel com pouco êxito e são responsáveis por boa parte da nossa diversão.
Kristen Bell está muito bem, mas devido as limitações do roteiro raso, ela não consegue ir muito além com as cenas dramáticas. Por outro lado, Kristen tem uma química muito boa com Kelsey Grammer e as coisas fluem bem entre os dois, até mesmo nas brigas. Brett Gelman vive o chefe de Rachel, mas não tem muito espaço em tela, enquanto Seth Rogen tem uma participação bem pontual e protagoniza uma cena muito irônica e engraçada.
Lauren Miller é responsável pela direção, roteiro e produção e fez uma escolha excelente escolha de elenco, mas não traz nada memorável em relação a história. O enredo conta com alguns pontos interessantes, porém falta um pouco de profundidade, ficando superficial demais. Ao mesmo tempo, a maior parte do filme se passa em um cruzeiro, e quem se imagina tratando de assuntos tão complexos da sua vida durante uma viagem desse tipo? Eu mesma, não! Os personagens tentam aproveitar o passeio, pincelam em suas histórias e vão se conhecendo, o grupo de viagem deles apesar de caricato tem algumas cenas engraçadas.
A nova produção da Netflix traz uma design de arte bacana para o contexto do filme, e apesar de não apresentar nada muito fora comum, ela tem seus méritos ao apresentar cenários contrastantes como o ambiente de trabalho urbano e organizado da protagonista e os locais exóticos como a natureza da Jamaica. O figurino também está bem caracterizado com vestimentas limitadas devido ao imediatismo da viagem, logo eles repetem as mesmas roupas com frequência.
“Tal Pai, Tal Filha” conta com uma protagonista forte e que não se preocupa em encontrar o grande amor de sua vida em um cruzeiro e sim, em tentar se descobrir como pessoa, revendo seu pai e trabalhando em sua vida profissional, dessa forma a viagem faz com que ela reveja alguns conceitos e mude algumas práticas para dar prosseguimento em sua jornada. Não é um filme memorável, mas vale a pena preparar uma pipoca com refrigerante para se deliciar com essa produção.