Os dois primeiros filmes do Thor tiveram grandes problemas, desde o roteiro até a execução, dessa forma, a expectativa era que esse terceiro longa trouxesse a redenção do herói no cinema, e felizmente, é exatamente o que acontece. Ragnarok é um entretenimento divertido e cômico, que funciona e prende a atenção do público durante suas mais de duas horas de exibição.
Com muito humor, o filme acompanha o retorno de Thor (Chris Hemsworth) a Asgard, devido a profecia que promete destruir o local. Ao chegar, ele descobre outra ameaça, a sua irmã, deusa da morte, Hela (Cate Blanchett) que retorna no intuito de ocupar o trono e instaurar o seu reinado de caos.
Não é surpresa dizer que Cate Blanchett é uma das melhores coisas do filme, a atriz está incrível como vilã e domina todas as cenas em que está presente. Diferente dela, Chris Hemsworth não sai de sua zona de conforto, mas é salvo pelo roteiro e a direção, que conseguem desenvolver momentos divertidos e engraçados entre ele e os outros personagens, principalmente ao lado de Hulk (Mark Ruffalo).
O roteiro assume o gênero de comédia desde a cena de abertura, e essa escolha acaba sendo muito eficiente. A alternância entre humor e drama foi um dos principais problemas dos filmes anteriores, pois as cenas jamais alcançavam a urgência necessária para cativar o público. Aqui mesmo quando os personagens estão diante de conflitos realmente sérios, ainda há espaço para piadas. O único ponto negativo é que essa necessidade de tentar ser engraçado em todas as cenas, muitas vezes soa apelativo e nada convincente. O humor acima da dramatização dos acontecimentos é eficiente, mas o seu excesso nem sempre funciona como deveria.
O primeiro ato faz uma boa introdução dos personagens e da trama, porém não demora muito para que o filme deixe o seu foco de lado e passe a concentrar muito tempo em conflitos menores, especialmente na fuga de Thor do planeta Sakaar. O tempo que poderia ser gasto para aprofundar a deusa da morte e o perigo eminente que ela representa, acaba sendo ocupado pelas inúmeras tentativas do protagonista de fugir de seus algozes, em uma subtrama divertida ao lado de Hulk, mas que pouco se conecta com a grande guerra que se aproxima.
A direção de Taika Waititi é extremamente bem equilibrada na hora de alinhar os personagens ao material entregue pelo roteiro. Dessa forma é extraído boas performances do elenco e um resultado satisfatório no que se refere ao humor. Outro ponto bem orquestrado é a ação, especialmente a batalha final, que embora possua uma curta duração, ela é bem conduzida e não conta com muitos excessos relacionados ao uso do CGI, que frequentemente é exacerbado em produções do gênero.
A direção de arte não constrói cenários autênticos ou grandiosos, e apenas cumpre seu papel de forma aceitável. O brilho acaba ficando para o figurino e maquiagem que conseguem desenvolver criaturas únicas e autênticas, a própria representação de Hela é um exemplo positivo.
A fotografia também segue com escolhas pouco autorais e sem nenhum grande charme. O maior destaque fica para as cenas de luta que conseguem contemplar o dinamismo dos personagens, tornando cada movimento interessante e empolgante para quem assiste.
“Thor: Ragnarok” surpreende apenas por conta de seus filmes anteriores, que são bem fracos, no mais, é apenas um filme mediano e divertido. Não espere por uma história intrigante, personagens bem desenvolvidos ou cenas de ação épicas, porém dificilmente você irá sair da sessão decepcionado, pois o longa renderá diversas risadas durante a exibição.