“Transformers: O Último Cavaleiro” é o quinto filme da franquia idealizada por Michael Bay em 2007. Famoso por ser um sucesso de bilheteria e detestado pela crítica, o longa retornou com uma história nova esse ano, algo que poderia trazer um frescor ao material e conseguir uma melhor recepção, no entanto a realidade é bem diferente, e temos aqui mais um filme pobre e vazio em sua forma e conteúdo.

O roteiro desse quinto filme é um dos grandes defeitos da obra, a começar por sua falta de autenticidade. O texto parece ter sido escrito por vários roteiristas com idéias divergentes e que chegaram ao consenso de unir todas elas sem a menor preocupação com a coerência da narrativa. Portanto se você espera ver um protagonismo mais jovem na trama, liderado por Izabella (Isabela Moner), esqueça. Tudo gira em torno de Cade (Mark Wahlberg) e de Vivian (Laura Haddock), que apenas repetem a fórmula inicial da franquia, nos trazendo o cara desajustado com a mulher bonita que já era assinatura dos filmes anteriores. O elenco mais jovem possui motivações tão pífias que poderiam ser avaliados no parágrafo da direção de arte, mas a mesma é muito importante para o filme, diferentemente desses personagens descartáveis.

Mesmo após superar os personagens irrelevantes, ainda temos um problema muito maior, que é a falta de um desenvolvimento mínimo para que o público exerça sua empatia e finalmente consiga vivenciar as experiências propostas. Personagens bem desenvolvidos são essenciais para qualquer filme, especialmente blockbusters, afinal o que me convidaria a acompanhar uma sequência de ação sem que eu tenha o mínimo de simpatia pelos heróis em guerra?

Pois bem, esse é um gravíssimo problema que parece uma marca registrada da franquia, mas que aqui se encontra no ápice do desleixo. Com atuações razoáveis, e um desenvolvimento inexistente, pouco resta à “Transformers – O Último Cavaleiro”. Mark Wahlberg mais uma vez vive o protagonista já conhecido por todos, enquanto Isabela traz uma personagem extremamente carismática que poderia render bons momentos na aventura, mas acaba sendo deixada de lado, ao invés disso, quem assume o protagonismo feminino é Laura Haddock como Vivian, que ocupa a vaga deixada por Megan Fox, sendo apenas um rostinho bonito em tela.

Voltando ao roteiro, é preciso comentar sobre a sua exaustão. O longa possui quase 3 horas de duração e o texto insiste em dilatar suas cenas com diálogos expositivos e explicações didáticas no intuito de engajar o público, mas ao invés disso acaba cansando e o levando ao esgotamento. Além de tudo, ainda há o apelo para o humor, que na maioria dos filmes do gênero acaba acrescentando um charme descontraído na história, porém aqui raramente funciona, pois as tentativas são expostas de forma tão demasiadas que dificilmente alcançam o timing necessário para, ao menos, arrancar um sorriso discreto.

Um filme de ação que se preze deve apresentar um bom projeto de decupagem para que suas sequências de ação funcionem bem dentro da estética do diretor e assim consiga extrair o melhor de cada cena, no entanto o que temos aqui passa longe disso. A fotografia é totalmente incoerente com a narrativa e possui ângulos e planos que jamais oferecem o melhor dos combates. Sendo assim, visualmente, o filme se torna uma poluição estética, da qual você jamais consegue ver claramente o que está acontecendo durante a ação, principalmente no desfecho do longa.

Por outro lado, a direção de arte entrega um trabalho mais caprichado e atencioso, apresentando o mínimo que esperamos em um filme desse porte, seja através dos figurinos que dialogam em sintonia com os personagens, ou através dos próprios cenários que são ricos de caracterização, tanto no ferro velho onde Cade mora, como na mansão de Sir Edmund Burton (Anthony Hopkins), ou até mesmo na idealização de Cybertron.

Outro ponto que merece destaque são os robôs, principalmente os dois novatos, Sqweeks e Cogman que trazem muito charme e carisma ao filme, algo que supera até os atores em cena.

A direção de Michael Bay não consegue desenvolver seu cast, portanto não espere nada além do mínimo. O seu forte continua sendo a ação, que mesmo desprovida de bons enquadramentos, ainda conta com coreografias interessantes e uma boa atmosfera de tensão. Nesse ponto podemos dizer que a estética de Bay está ainda mais megalomaníaca do que de costume, portanto se você gosta da assinatura do diretor, não irá sentir falta de nada aqui.

No final das contas, podemos dizer que “Transformers: O Último Cavaleiro” começa bem, se desenvolve de forma extremamente arrastada e termina com um desfecho morno, que não consegue ofuscar todos os problemas contidos no segundo ato. Portanto a menos que você seja um fã da franquia, definitivamente o filme não vale nem o seu tempo, tampouco o seu dinheiro.

REVER GERAL
Roteiro
3
Direção
4
Atuações
5
Direção de Fotografia
4
Direção de Arte
6
Criador e editor da Cine Mundo, trabalho com conteúdo online há mais de 10 anos. Sou apaixonado por filmes e séries, com um carinho especial por Six Feet Under e Buffy The Vampire Slayer.