Crítica: Uma Noite em Haifa

Uma Noite em Haifa chegou aos cinemas brasileiros, com distribuição de Synapse Distribution. A produção, que foi um dos destaques no Festival Filmelier no Cinema, acompanha as histórias de cinco mulheres em uma agitada noite na cidade israelense.

No longa vemos diversos personagens e suas relações e visões de mundo se cruzarem na cidade portuária de Haifa, em uma noite que explora as conexões entre cinco mulheres que se encontram em um clube: Laila (Maria Zreik), Khawla (Khawla Ibraheem), Bahira (Bahira Ablassi), Naama (Naama Preis) e Hanna (Hana Laslo). O local em que os destinos das cinco se cruzam é um dos últimos onde as populações israelenses e palestinas se reúnem para compartilhar drinks, amizades, o amor pela arte e se envolver em relacionamentos.

Com direção de Amos Gitaï somos guiados através das vivências e convívios entre cada uma dessas óticas femininas, intercalando muito bem entre cada núcleo e muitas vezes fazendo um ou outro personagem de um local do clube acabar em outro núcleo gerando conversas e debates novos ou complementando temas abordados anteriormente durante essa noite.

O texto de Marie-Jose Sanselme é tão ágil e esperto como também é simples e cauteloso, há certas mudanças de ritmos de acordo com o que está sendo comentado ou com as origens de cada uma dessas personagens quase sempre questionando os rótulos que colocam nessas mulheres e dizendo muito sobre arte, política e acima de tudo sobre suas identidade dentro e fora do universo desse clube.

A direção é bem eficiente e enquanto nos coloca muito bem dentro do espírito de uma noite nos guia os olhos de um local para o outro dentro desse cenário, às vezes pelo uso de uma movimentação de câmera na horizontal, um movimento de afastamento da cena com uso de foco ou por um simples corte que se conecta tematicamente.

Laila de Maria Zreik é o ponto central, a atuação da atriz é muito mais internalizada em comparação com outros nomes do elenco, além de ser a partir dela que outros atores e atrizes brilham e ganham destaque como Khawla Ibraheem, Behira Ablassi, Naama Preis e nas figuras masculinas de Makram J. Khoury e Hisham Suliman.

Talvez o público se perca com facilidade entre os núcleos e os variados personagens, mesmo com certo controle do público na direção e com um texto que une muito bem humor e drama, há certas partes onde podemos ficar cansados da dinâmica da história.

Mas mesmo entre esses problemas, Uma Noite em Haifa ganha seus méritos por nos transportar para um universo da sociedade e que através das relações dessas mulheres nos mostra a força delas e suas dificuldades enfrentadas diariamente em uma jornada pelo sucesso ou pela felicidade.