[Crítica] Unbroken | Invencível

No sobe e desce entre os possíveis indicados ao Oscar – que serão divulgados nessa quinta-feira – “Unbroken”, filme dirigido pela já consagrada (como atriz) Angelina Jolie, começou com muita força, fornecendo à Jolie a chance de sonhar com uma indicação de melhor direção, porém, nas últimas semanas, outros candidatos entraram em ascensão e “Invencível” não parece mais ser tão grandioso assim, resta saber se, assim como a fonte de inspiração para o filme Louis Zamperini, a obra irá se reerguer.

unbroken-547e2bdcc7474“Invencível” trata da história do atleta olímpico Louis Zamperini, desde de alguns momentos de sua infância, passando por um queda de avião dentro do mar e se tornar prisioneiros das tropas japonesas durante a guerra. Senti uma divisão muito clara dentro do filme, como uma especie de livro de contos, na primeira parte vemos Louis sendo um garoto de baixa auto-estima e a relação com o seu irmão que é quem o incentiva a ser atleta, conhecemos um pouco da carreira de Louis, até na parte dois, após o avião cair, onde nos deparamos com outro jeito de contar a historia, Louis e outros dois sobreviventes passam mais de 40 dias esperando serem resgatados, até chegarmos à parte 3 em que Louis é mantido prisioneiro dos japoneses.

Este é o segundo longa-metragem dirigido por Angelina Jolie e o primeiro trabalho dela nessa função o qual eu assisti. A direção é insegura, muitas vezes tive a impressão de que Jolie tão tinha certeza do que queria mostrar, porém também fácil perceber que há muito potencial ali, a fotografia é muito bonita e funciona muito bem dentro da proposta narrativa. Pra mim, é cedo considerá-la uma grande diretora, porém já consigo reconhecer que ela tem um olhar interessante e grande potencial artístico que pode ser melhor aproveitado no futuro, o filme traz algumas sequencias interessantes, uma delas é quando Louis chega a Tóquio de olhos vendados e olha pela brecha da venda a cidade que ele sonhava visitar quando fosse disputar as Olimpíadas, a câmera nos mostra o que Louis vê, por baixo da venda o sentido que aquilo tem pra ele atribui muita sensibilidade àquele momento.

“A moment of pain is worth a lifetime of glory”

Tinha um receio muito grande de assistir esse filme pelo fato de ele parecer melodramático demais, me surpreendi enquanto o assistia, e através do trabalho tanto de Jack O’Conell quanto da direção de Jolie não percebi tentativas desesperadas de fazer o publico se emocionar. O’Conell fez um bom trabalho interpretando Louis, em cenas muito dificieis de serem executadas.

Uma das coisas que mais me incomodou foi o já costumeiro patriotismo americano exagerado, acredito que em uma guerra todos são vitimas, a morte de um americano não é menos triste que a morte de um japonês, todavia o filme traça um desenho estereotipado dos dois lados, o japonês sendo carrasco e sádico, e o americano sendo o exato oposto, resiliente e altruísta.

“Invencível” é um filme mediano, segundo trabalho de uma aprendiz de direção que parece estar no caminho certo, mas que ainda tem muito o que aprender. O filme parece ser algo muito pessoal, é válido no sentido biográfico, porém está longe de ser um grande trabalho. É leve e fácil de ser assistido, possui alguns takes muito interessantes e uma bela fotografia, vale a pena assisti-lo sem grandes expectativas.