Histórias em tribunais são sempre atrativas, envolvendo casos reais ou não, costuma ter o seu público fiel. Já assisti filmes abordando esse tema como, por exemplo: “Sem Evidências” (2013), “O Juiz” (2014), “Tempo de Matar” (1996), entre outros que muito me impressionaram.
Neste estilo de filme, é preciso alguns elementos básicos para prender o expectador: uma boa história, boas atuações e reviravoltas surpreendentes, é claro que essa regra também se aplica para outros gêneros.
A história de “Versões de Um Crime”, gira em torno de um homicídio em que o culpado já assume o crime cometido. O caso é o de Boone Lassiter (Jim Belushi) que foi encontrado morto em sua residência, sua esposa Loretta (Renée Zellweger) estava presente no momento do crime e seu filho Mike (Gabriel Masso) também se encontrava no local e assume sem pestanejar a culpa pela morte de seu pai. Cabe ao seu advogado de defesa (Keanu Reeves) inocentar Mike que não fala nada desde o momento em que cometeu o crime, já que ele é réu confesso e se mantém calado, as coisas ficam difíceis para si e seu advogado que precisa de bons argumentos perante o juiz.
A maioria das cenas acontecem dentro do tribunal, com flashbacks dos fatos que são descritos de acordo com o depoimento das testemunhas, porém são exibidos de forma detalhada demais que acabam ofuscando um pouco o brilho do suspense.
No elenco o grande destaque é para Reeves que consegue se mostrar um advogado empenhado, mas que está atormentado por algo. Zellweger cumpre o seu papel como mãe, enquanto Masso consegue transparecer todas as suas emoções através do olhar, já que não dispõe de muitas falas durante o filme. Janelle (Gugu Mbatha-Raw) não convence muito como uma assistente de advocacia que teve um passado conturbado e parece não ter muita verdade em sua atuação, além de carecer em química contracenando com Keanu, com quem divide a maioria de suas cenas.
Ao longo do filme é possível ver construções de cenários e composições de figurinos um tanto comuns, não há charme ou carisma exposto através de sua direção de arte, no entanto entrega-se um trabalho razoável dentro do aceitável da proposta, mas falta um certo requinte para mergulharmos nessa história de tribunal.
Outro elemento que também reside no mesmo terreno de escolhas automáticas para a produção está no visual trabalhado e selecionado em sua fotografia, com uma paleta de cores batida no gênero que utiliza-se de tons soturnos de sépia e de cores vivas em flashbacks, além de uma falta de ritmo nas sequências do julgamento por um grave efeito dos enquadramentos e movimentos presentes filme.
A direção é de Courtney Hunt que já trabalhou no filme policial “Rio Congelado” (2008) que foi indicado ao Oscar nas categorias: “Melhor Atriz” e “Melhor Roteiro Original”, agora em sua atual produção ela apresenta um material opaco que pode agregar valor a estudantes de direitos que queiram se ambientar com o funcionamento de um tribunal, mas ao expectador ficou um gosto amargo, pois o roteiro não dispõe de arcos dramáticos e não se preocupa em montar bem seus personagens para que o público tenha o papel de juntar os fatos e ser colocado a pensar.
Ao final podemos concluir que “Versões de Um Crime” é um filme que poderia ter sido muito mais do que é, no entanto não explorou a diversidade de possibilidades que tinha em mãos, já que terminamos com um material executado de forma automática que as vezes fica até um pouco cansativo, não fazendo jus ao seu gênero.