David Fincher – Aniversariante 28/08

David-Fincher

No meio de uma era em que o cinema se tornou realmente comercial e os produtores se preocupam mais em vender Mc Lanche Feliz que fazer filme bom, surgem alguns nomes que tem seus truques para desviar dessas armadilhas. Um deles (e o meu favorito) é David Fincher.

Fincher iniciou sua carreira trabalhando na Industrial Light and Magic (produtora de George Lucas) e chegou a trabalhar em filmes como “Star Wars: O Retorno de Jedi”, “História sem Fim” e “Indiana Jones e o Templo da Perdição” nos setores de efeitos visuais. Depois, começou a trabalhar dirigindo comerciais de marcas como Nike, Coca Cola e outros. Trabalhou também em vídeo clipes de artistas como Michael Jackson, Madonna e Aerosmith.

Algum tempo depois, veio sua primeira experiência com cinema, que não foi nada legal. Foi convidado para ingressar num projeto (que já vinha enfrentando problemas) chamado “Alien 3” (1992). O diretor anterior tinha abandonado o projeto, devido à diferenças criativas com o produtor, que não foi diferente com Fincher. Todas as sugestões que ele dava o estúdio rejeitava. Foi uma péssima primeira experiência para o diretor que ingressou no trabalho principalmente por ser fã da franquia. Depois do lançamento do filme, e este não ir bem de crítica, Fincher declarou que não gostaria de participar mais do universo do cinema e renega o filme até hoje.

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Anos mais tarde, ele recebeu um roteiro que iria fazê-lo mudar de ideia (depois da insistência de amigos): “Seven – os sete crimes capitais” (1995). Logo que a produção iniciou, os estúdios queriam, assim como em Alien, alterar diversas coisas no filme para torna-lo “mais comercial”. Dessa vez, a situação foi melhor contornável por que ele recebeu a ajuda de quem ele menos esperava: Brad Pitt.

Os produtores queriam mudar principalmente o final, que era bem sombrio mas, o astro disse que se caso alterassem o roteiro do filme ele estaria fora. E essa realmente, seria uma péssima ideia para os produtores visto que, Pitt era e ainda é, um dos principais atrativos de público. O filme foi sucesso e, até hoje é lembrado como um dos melhores filmes de serial killer dos últimos tempos.

Em seguida, dirigiu “Vidas em Jogo” (1997) que passou meio que despercebido mas, mesmo assim é um bom filme. Em seguida, veio um dos filmes (se não o filme) que o deixaria famoso “Clube da Luta” (1999). Adaptação do livro de Chuck Palahniuk o filme chocou todo mundo com mensagens poderosas. Falava sobre consumismo, uma sociedade narcisista e uma geração perdida. O mais interessante é que, ele utiliza astros como Brad Pitt (novamente) e Edward Norton para criticar a indústria que a própria imagem dos dois, de certa forma, ajudou a criar. Vejo que, nesse momento, Fincher passou a ser reconhecido como um diretor respeitado. Seven poderia ter sido apenas um golpe de sorte.

Em seguida vieram “O Quarto do Pânico” (2002), “Zodiaco” (2007), “O Curioso Caso de Benjamim Button” (2008), “A Rede Social” (2010), “Millennium: Os Homens que não amavam as mulheres” (2011) e por último, mas não menos importante “Garota Exemplar” (2014).

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O que todos tem em comum é, primeiro o perfeccionismo do diretor. Em “A Rede Social”, por exemplo, Fincher chegou a fazer 99 takes em uma única cena. Isso devido à sua busca por uma perfeição técnica e de atuação. Foi até chamado de “novo Kubrick” por isso mas, ele mesmo disse que não era pra tanto também. Em Millennium ele pedia que Rooney Mara (que interpreta Lisbeth Salander), vivesse a personagem inclusive fora das telas. Eles andavam pela rua e, sempre que ele via alguém que era parecida com o que ele queria ele dizia: “é daquele jeito que quero que você se comporte”. O segundo ponto é uma visão pessimista (eu diria realista) da sociedade e seus rumos. Na maioria dos filmes não temos um “final feliz”.  E os que tem não são felizes de fato, basta olhar um pouco mais de perto para perceber isso. Isso é refletido na fotografia dos filmes que é sempre escura e sombria.

O terceiro é que ele sempre consegue vender muito bem o seu projeto. Um dos primeiros requisitos para aceitar um trabalho é ter liberdade criativa. Já chegou a desistir de projetos como a nova biografia de Steve Jobs por não ter a liberdade que gostaria. Em contra partida em Millennium, ele teve liberdade até de escolher o que estava escrito nos pôsteres de divulgação do filme. Por último, apesar de ser muito exigente nos sets de filmagem, ele sempre consegue a dedicação de sua equipe para com os projetos. Brad Pitt mesmo, por exemplo, já se tornou um amigo pessoal do diretor.

Como disse no começo do texto, o que me fez gostar desse cara foi ele ser uma pérola no meio de tanto Blockbuster. Ele é um dos que estão no meio de grandes produções e nomes do cinemão mas, consegue driblar os produtores e fazer filmes interessantes que fujam do óbvio. E isso é uma delícia cinematográfica!

Se você ainda não viu algum dos filmes da lista, vale a pena deixar os Vingadores de lado, só um pouquinho, pra ver um filme bom de verdade.

Fincher, por favor, continue o bom trabalho. Nós estamos de olho em você.