Elenco de 3% comenta sobre o impacto das críticas negativas e outros pontos da série

 

Na coletiva de imprensa da Netflix, que aconteceu nesse último domingo (4), na Comic Con Experience algumas perguntas intrigantes vieram a tona e o elenco soube responder de forma bem acessível.

Ao serem questionados sobre as críticas negativas e uma possível segunda temporada, que por sinal foi confirmada algumas horas depois no painel da Netflix. A Atriz Bianca Comparato que vive a Michele na série assumiu que tem lido os materiais e conversado com os criadores sobre possíveis mudanças para melhorar a produção em seu segundo ano.

“A gente já esperava assim como em todos os trabalhos, que teríamos criticas tanto positivas como negativas e eu tenho conversado tanto com o Pedro quanto com o Tiago que há muitas criticas construtivas que podemos aproveitar em uma segunda temporada” Afirmou a atriz. “A nossa ideia aqui é fazer uma segunda temporada muito melhor que a primeira, não que ela tenho sido ruim, tenho muito orgulho do meu trabalho, mas a ideia é sempre evoluir, portanto estamos atentos as criticas” finalizou. 

Os atores também comentaram que passaram cerca de 1 mês preparando as personagens e tiveram liberdade de buscarem suas próprias referências, sendo que o piloto inicial lançado no youtube foi apenas uma referência a mais e não necessariamente uma base de estudos obrigatória. Os criadores fizeram questão de seguir um lado original dentro da ideia que surgiu em 2011.

Questões relacionadas a temática crítica da série também foram levantadas, e os atores questionados acerca da complexabilidade de atuar em uma distopia, que ainda que vendida como futurista diz muito sobre a atual realidade do Brasil em questões de desigualdade socioeconômicas.

Para Bianca esse foi o estopim na hora de aceitar fazer o papel de Michele.

“Esse foi o motivo de eu aceitar fazer a série, não existia nem um roteiro ainda, mas eu sentia a importância de falar sobre o assunto em uma série, promover discussões e visibilidade ao problema” comentou.

“Muitas das representações dessa situação trazidas por outras produções nacionais parecem ficarem presas ao clichê, e ao estético” afirmou Viviane Porto. “Bota uma barraca ali, coloca um menino falando errado ali e está tudo certo. No entanto não é bem assim, quando vamos a uma favela ou em qualquer lugar, percebemos que há N tipos de pessoas, com N universos, sonhos e realizações muito diferentes uma das outras e a série traz exatamente isso. Há também uma série de personagens femininas com uma força fora do clichetesco que a gente geralmente vê, personagens negros que fogem do clichês que a gente geralmente vê. Esses são alguns dos méritos que me atraíram ao projeto.” completou a atriz que na série interpreta Aline um ambiciosa funcionária que está pronta para derrubar Ezequiel (João Miguel), o líder do Processo.

Vaneza Oliveira que interpreta a complexa, Joana, foi mais além nas questões de desigualdade, e afirmou que estamos mais próximos dessa distopia do que parece.

“Eu acho que esse é o ponto mais sério da série. É como você se relaciona com isso, a gente vive com essa contradição o dia inteiro e a gente aceita que ‘Itaim Bibi’ é o Maralto e ‘Cidade Tiradentes’ é o Lado de Cá, e convivemos com isso muito bem, tranquilamente” afirmou. “Uma de nossas locações era no parque da juventude, e foi um choque pra mim olhar que nós estávamos ao lado de uma parede com mulheres presas, e nós nos preparando para gravar e outras pessoas correndo no parque. Eu parei e falei, ‘gente do outro lado desse muro tem mulheres que não podem interagir em sociedade, nós estamos gravando uma série da Netflix e ali tem pessoas fazendo cooper’ ou seja, nós vivemos com essas contradições de uma forma assustadora. Então não é um desconforto, mas um choque de realidade que a série promove”.

“Em um dia estávamos gravando com as roupas, ‘os trapos’ do ‘Lado de Cá’ e tinham moradores de rua próximos, e agente ali com o figurino e teve uma pessoa que achava que nós também fossemos meninos de rua, nesse momento eu senti na pele essa realidade próxima” completou Michel Gomes que vive o cadeirante Fernando na série.

No geral os atores foram receptivos e parecem empolgados com a produção, além de tudo possuem humildade em reconhecer os problemas que a primeira temporada trouxe e buscam melhorar. Para nós resta aguardar.

Algumas horas depois, no painel do auditório Cinemark, a Netflix confirmou que a série está renovada para o próximo ano.

 

Confira mais fotos da coletiva de imprensa: