Oscar 2017: Jimmy Kimmel, Gafe e uma edição vergonhosa

Estamos diante de uma das premiações mais fracas da temporada e talvez uma das piores tomando como base o últimos 5 anos de Academy Awards, e não é por conta da seleção de filmes, que por sinal é ótima e inversamente proporcional ao desastre dessa edição.

Podemos começar com o apresentador, Jimmy Kimmel, totalmente desconfortável e apático, ao menos naquela noite. Suas piadas eram rasas e forçadas, haviam poucas sátiras aos próprios filmes indicados, coisa que costuma ser frequente nesse tipo de premiação, mas aqui passou batido. Em suas maiores tentativas de entreter a plateia e o público ele trouxe uma trupe de turistas para interagir rapidamente com os artistas, o que foi um tanto quanto aleatório, mas aceitável, e em outro momento ele fez chover doces no auditório, que poderia até ter sido uma brincadeira divertida se fosse bem apresentada.

Os demais artistas convidados para apresentar categorias especificas também não conseguiram expor nada de novo ou divertido durante os anúncios, mantendo a edição tão autêntica quanto uma formatura de primário.

E por incrível que pareça, nem os números musicais deram seu ar da graça no evento, sendo o único momento interessante a apresentação da jovem Auli’i Cravalho que dubla a personagem Moana. Ainda que com um excelente musical indicado em 14 categorias, a escolha de John Legend para performar as canções de Mia e Sebastian em La La Land foi totalmente descabida e não conseguiu trazer o charme do filme ao palco.

Mais um ponto que contribuiu para a noite medíocre foram os discursos que com exceção de Viola Davis, Asghar Farhadi e Emma Stone, todos os agradecimentos foram simples, rápidos e com nenhum respingo de inspiração que costumam trazer. Claro que isso não é uma obrigação, mas a sua ausência somada aos outros fatores acima contribuíram para a noite fraca.

 

Os Campeões da Noite

Agora vamos falar de outro fator extremamente importante que são os resultados. O primeiro anúncio que causou surpresa foi da categoria de melhor “cabelo e maquiagem” que concedeu o título para “Esquadrão Suicida”, considerado por muitos um dos piores filmes do ano anterior, mas que nessa categoria executou um bom trabalho. Em seguida o melhor figurino foi para Colleen Atwood por “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, desbancando Jackie (Madeline Fontaine) que havia ganhado na maioria das premiações anteriores.

Surpresas a parte, o evento prosseguiu de forma equilibrada, mas bem previsível.

La La Land – 6 Oscars

O aclamado La La Land fechou a noite com apenas 6 vitórias dentre as suas 14 indicações. O longa levou obviamente os dois prêmios musicais (Canção original e trilha sonora), além de fotografia, direção de arte, e claro, direção pelo magnifico trabalho de Damien Chazelle. Já a sexta estatueta veio da categoria mais disputada que era a de melhor atriz, concedendo a vitória para Emma Stone.

Moonlight – 3 Oscars

Moonlight levou o previsível e merecido prêmio de melhor ator coadjuvante para Mahershala Ali, roteiro adaptado e o mais importante da noite, o de melhor filme que aparentemente estava garantido para La La Land tendo em vista suas indicações e vitórias ao longo da temporada. Por se tratar de um filme incrível e com uma mensagem extremamente importante é de se pensar que 3 Oscars chega a ser pouco, mas trata-se também de um ano com grandes produções e por isso não teve como ser diferente.

Até o Último Homem – 2 Oscars

Com uma das cenas de guerra mais bem feitas dos últimos anos, esse filme não poderia deixar de levar o prêmio de mixagem de som e edição, perdendo apenas melhor ator e diretor por ter que enfrentar outros trabalhos monstruosos.

Manchester à Beira-Mar – 2 Oscars

Manchester à Beira-Mar surpreendeu de forma positiva ganhando o Oscar de melhor roteiro original extremamente merecido, além do de melhor ator para Casey Affleck que teve um desempenho extremamente superior aos outros indicados.

“A Chegada” ganhou melhor edição de som, enquanto os poderosos estúdios da Disney conseguiram, além do Oscar de melhor animação por “Zootopia”, ainda levaram o de efeitos visuais por “Mogli – O Menino Lobo”, desbancando grandes filmes como “Rogue One: Uma História Star Wars” e “Doutor Estranho”.

A categoria de filme estrangeiro surpreendeu as expectativas premiando o longa iraniano “O Apartamento”, que rendeu um discurso lindíssimo promovido através de uma carta de Asghar Farhadi lida por uma representante que expôs a atual politica norte americana acerca da imigração no país.

 

O Vergonhoso Desfecho

Restando apenas a categoria principal de melhor filme e um sentimento de tédio, eis que uma confusão concedeu o prêmio para La La Land, sendo que o vencedor era Moonlight. O erro se deu por parte da organização do evento que sempre prepara dois envelopes contendo os resultados de cada categoria, no caso entregaram um para Emma Stone junto de sua estatueta de melhor atriz, e em seguida entregaram o mesmo cartão para os apresentadores Warren Beaty e Faye Dunaway, que iriam anunciar o melhor filme do ano. Na hora tão aguardada ao abrir o envelope, Warren achou estranho o nome de Emma no papel e demorou para fazer o anúncio, e isso fez com que todos pensassem que fosse um suspense proposital, na dúvida ele compartilhou o texto com Faye que leu “La La Land”, sem pensar duas vezes. Sendo assim a confusão estava feita e só foi resolvida quando parte da equipe do filme já tinha subido ao palco e feito o discurso de agradecimento, resultando em um clima constrangedor para todos os envolvidos.

Moonlight era um dos grandes filmes do ano e digno da vitória, mas acabou tendo seu momento grandioso ofuscado por essa imprudência da organização que ainda acabou deixando a equipe de La La Land extremamente humilhada diante do público em um momento tão sensível. Além disso os apresentadores Warren Beaty e Faye Dunaway acabaram sendo julgados de imediato, e igualmente constrangidos e violados.

Claro que depois de tantas apostas e discussões entre Moonlight e La La Land essa gafe rendeu um humor imediato no público, mas ainda é importante perceber a gravidade desse erro e o peso dele sobre os envolvidos.

No final o que salva essa edição são os resultados, que em sua maioria foram justos, mas isso é o minimo né? Que venha 2018.