Título: Memórias de minhas putas tristes
Autor: Gabriel García Márquez
Número de páginas: 127
Editora: Record
Esse é o primeiro livro do Gabriel García Márquez que tenho contato, acabei conhecendo o autor por meio de uma apresentação na faculdade, em que a aluna utilizou o livro Cem anos de solidão. Essa apresentação me intrigou muito e acabei colocando o livro em minha lista de espera, lista essa que só vem subindo a cada dia mais. Aproveitando o recesso da faculdade resolvi me embrenhar na biblioteca e acabei me recordando desse autor e da apresentação, então coloquei no sistema de busca da faculdade e acabei encontrando além da obra citada essa que irei fazer a resenha. No dia lembro que peguei mais dois livros e fui para casa com intenção de começar a leitura com Cem anos de solidão mas o título desse outro livro me chamou muito a atenção e acabei optando por ele.
Memórias de minhas putas tristes é um livro que pode nos enganar pelo seu título e com a pequena sinopse que consta na capa, eu particularmente quando o escolhi imaginei que veria uma história em que o sexo seria o personagem principal, imaginei que encontraria muita pornografia e me senti curiosa pela experiência nova. O que eu não esperava é que o livro transbordaria uma história de amor, puro e simples amor. Um livro tão cativante que eu simplesmente não consegui largar até a leitura ser concluída, o que durou menos de 36 horas para falar a verdade.
A explicação do nome do livro já nos é dada pelo personagem principal na página 17: “Algumas vezes pensei que aquelas contas de camas seriam uma boa base para uma lista das misérias da minha vida extraviada, e o título me caiu do céu: Memórias de minhas putas tristes.” Esse seria o título de um livro de registros que nosso personagem explicitava todas as garotas de programa que dormiu no decorrer da sua vida, podemos ressaltar aqui que não foram poucas, como ele mesmo diz, todas as mulheres com quem dormiu foram pagas, até mesmo as que não eram prostitutas ele arrumava uma maneira de pagar os favores sexuais.
Mas acho que estou colocando a carroça na frente dos bois, primeiramente devemos ter uma ideia abrangente de qual seria o enredo. Temos a história de um homem que ao completar seus noventa anos resolve se dar de presente uma noite de louco amor com uma menina virgem, para que isso aconteça ele pede os favores de Rosa Cabarcas, dona de uma casa clandestina de prostituição muito conhecida e que mantivera contato nos anos de sua juventude. Rosa diz para seu cliente e amigo o quão difícil seria conseguir uma garota virgem e como isso poderia ser caro, mas decidido ele manteve com firmeza o seu pedido que após algumas horas foi atendido. O encontro foi marcado as dez da noite em um quartinho nesse bordel, ao chegar lá ele encontra a mocinha dormindo, sob efeito de um remédio que a própria Rosa deu para que não se assustasse mais com a experiência de perder a virgindade. Após passar a noite com a menina mirrada, que ele batizou de Delgadina já conseguimos perceber as mudanças que esse encontro nele ocasionaria.
A casa, como todo bordel ao amanhecer, era a coisa mais parecida com o paraíso. Saí pelo portão do pomar para não encontrar ninguém. Debaixo do sol abrasador da rua comecei a sentir o peso dos meus noventa anos, e a contar minuto a minuto os minutos das noites que me faltavam para morrer.
Outros encontros com Delgadina acontecem a partir desse primeiro, encontros esses que sempre tem o mesmo local, o quartinho do bordel clandestino de Rosa, não posso comentar o motivo do segundo encontro pois estragaria a surpresa do primeiro e dos próximos, o que poderia fazer alguns de vocês a considerarem a não leitura da obra, coisa que de fato seria absurda pois a beleza desse livro deveria ser conhecida por todos. Uma coisa que achei muito legal no decorrer do livro, além da escrita simples e cativante do autor, é que fatos da vida do personagem principal são demonstrados, como se fosse uma memória não só das putas tristes e sim de toda uma vida envolvida com assuntos libidinosos. Outra citação muito legal que temos na página 45 é essa: “A quem me pergunta respondo sempre com a verdade: as putas não me deram tempo para casar.” Desse fato temos todo o transcorrer da história do seu único noivado e do final trágico, de como isso modificou tanto a sua vida como a da moça que seria sua noiva na época, moça que só reencontraria muitas décadas depois.
Muitas páginas depois, mais precisamente na 62, é quando finalmente ele decide encontrar novamente Delgadina, depois de muitas febres de amor e de muita indecisão e de também ter ganhado um gato no seu aniversário, presente de algumas pessoas da empresa. Achei muito cativante essa percepção do amor quando se tem noventa anos, quando todos os outros já acreditavam e até ele mesmo que a única coisa que tinha para fazer era esperar a morte chegar, eis que surge na realidade o amor, não só um pequeno amor mas o primeiro amor que ele teve em sua vida, o primeiro amor em quase um século.
Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco.
Esse livro me surpreendeu de todas as maneiras positivas que uma pessoa possa ser surpreendida. Indico a leitura pela sua simplicidade, para todos os descrentes e crentes na existência do amor. Sei que a resenha foi bem superficial, mas não poderia ser diferente em um livro tão curto. Espero que essas poucas palavras os cativem suficientemente para essa leitura.