Resenha: O Gralha – Tão Banal quanto Original

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Gralha foi um importante personagem para os quadrinhos brasileiros, um super-herói que representava a origem brasileira de Curitiba em história divertidas e empolgantes inspiradas em clássicos americanos. No entanto devido ao mercado editorial brasileiro ele acabou não lucrando e o fez ser um pouco esquecido, agora chegou a hora de vermos ele retornar em uma edição especial contendo diferentes materiais com diversos artistas e roteiristas nos mostrando as várias facetas que “O Gralha” pode ter na cultura pop, indo desde o humor infantil até a ação oriunda de mangás, há espaço para tudo em “O Gralha – Tão Banal quanto Original”.

Bem vamos a uma pequena apresentação, Gustavo Gomes é um jovem estudante de 17 anos que herda as gemas do poder de seu bisavô, que exercia há tempos a função de herói em Curitiba como “Capitão Gralha”, agora Gomes se transforma no defensor “O Gralha” com ajuda dessas gemas e passa seus dias dividido entre combater o crime e os estudos do cursinho pré-vestibular.

Dito isso, apesar de ser fã de quadrinhos nacionais fui ler sem grandes expetativas, mas fui de cabeça aberta para o que me seria apresentado no encadernado nacional.

Devo dizer que nem todos os contos são unânimes, existem alguns que acertam apenas na arte e deixam a desejar no roteiro, em outros momentos ocorre o contrário e existem um ou outro que exige um certo conhecimento sobre o passado do herói, o que pode ter me dificultado um pouco. Mas acredito ser essa a grande proposta do quadrinho, apresentar diferentes produtos, para diferentes pessoas, visando diferentes elementos e nesse caso o quadrinho é um grande sucesso, capaz de mostrar toda a força que pode viver nos contos desse herói de Curitiba.

Há histórias tanto sobre juventude falando sobre relações sexuais e da perda de virgindade como há também tirinhas cômicas clássicas daquelas que lemos em jornais que não apresentam falas e que nos remetem a desenhos animados antigos, como também encontramos espaço para aprofundadas análises sobre como o jovem Gustavo divide seu tempo entre ser um adolescente estudante de cursinho e ser o super-herói de sua cidade futurista, sempre acompanhadas de desenhos característicos e diferentes do comum, ao longo de 117 páginas mergulhamos em contos que nos mostram os icônicos personagens desse universo rico e extremamente desconhecido do grande público brasileiro.

Existe, porém, algumas ressalvas, o quadrinho explora muitas coisas de inúmeras formas em um curto tempo, o que tem seu lado bom e ruim, pois ao mesmo tempo que nos oferece variedade não nos oferece um bom aprofundamento de temas pesados que são trabalhados muito superficialmente nos textos e traços, além disso outro fato que atrapalha um pouco é faltar histórias mais longas para adentrarmos melhor na cultura do personagem, e talvez até compreende-lo melhor no processo.

Podemos concluir que “O Gralha – Tão Banal quanto Original” faz muito mais do que nos entreter, ele oferece a oportunidade de milhares de pessoas se conhecerem, ainda que brevemente todo o potencial oferecido pelo universo rico de “O Gralha”, e talvez se esse quadrinho chegar a todos poderemos ver no futuro pessoas investindo nesse herói de Curitiba.

“O Gralha – Tão Banal quanto Original” é publicado pela editora Quadrinhópole e é possível adquirir mais informações sobre o super-herói no site oficial dele: http://www.ogralha.com.br.

REVER GERAL
Nota
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.