Autor: Marcos Piangers
Editora: Belas Letras
Ano: 2015
101 páginas
“O Papai é pop” é um livro composto por 100 crônicas escritas por Marcos Piangers, um pai apaixonado por suas duas filhas Anita e Aurora. Em uma sociedade que vangloria o papel feminino de uma mãe deixando de lado o papel afetivo do pai na criação dos filhos, é uma experiência magnífica me deparar com essas histórias e identificar belezas escondidas do cotidiano de um pai com suas filhas.
A arte do livro é maravilhosa, cada crônica recebe uma ilustração belíssima que casa perfeitamente com a crônica em questão, a minha preferida é uma em que Piangers relata sua experiência de assistir “Stars Wars – O Império conta ataca” com sua filha, a garota fica espantada com a grande revelação de Darth Vader no final do filme. Duas semanas depois quando os dois estão no shopping, ela declara que já sabe o que vai dar a seu pai no dia dos pais, marcos diz que não precisa de presentes e sua filha declara que o único pai que não merece ganhar presentes é o Darth Vader. Na página ao lado a uma ilustração de Vader com lágrimas aos olhos.
Confesso que peguei a obra pra ler com um pouco de receio, não me identifico com o narrador, não consigo me colocar na relação, porém a maneira com a qual Piangers conduz suas histórias é tão encantadora que me peguei desejando ter presenciado determinadas situações, como quando sua filha de oito anos pergunta ao pai por que a sociedade aceita que as mulheres usem calça jeans, mas não permite que um homem use roupas consideradas femininas. Compartilho do espanto maravilhado de Marcos quando ele diz “Ela tem oito anos e está falando sobre a sociedade”.
Marcos Piangers tem um olhar sensível e inteligente sob as coisas simples e um enorme talento pra transmitir seu encantamento através de palavras, o livro é curtinho e agradável para ser lido aos poucos ou de uma vez, além de ser um excelente presente para ser apreciado por pais e filhos, menos o Darth Vader.
“Adoro aquela tirinha do Rafael Sica sobre o sujeito que está sempre no trabalho pensando no bar. No bar, o sujeito está sempre pensando na família. Em casa, com a família, o sujeito está sempre pensando no trabalho. O sujeito nunca está onde ele realmente está. Cria sempre algum tipo de ruído na relação dele com as coisas. Esse cara sou eu, pensei quando vi a tirinha pela primeira vez. Então você e sua companheira estão grávidos. Então você sabe que não precisa de uma casa maior, de um carro melhor, nem da melhor fralda, nem da melhor creche. Você sabe, nu fundo, que só precisa estar lá. De verdade”.
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