Título: Zoo
Autor(es): James Patterson e Michael Ledwidge
Editora: Arqueiro
Ano: 2015
282 páginas
Homem comum especialista em algo, mulher inteligente que será o interesse amoroso desse homem, problema muito grave que ameaça o mundo relacionado à especialidade desse homem, homem comum que vira herói, suspense, romance e algumas piadas. É dessa forma que Patterson e Ledwidge constroem “Zoo”, passeando por uma estrutura que é lugar-comum pra quem gosta de literatura de suspense, mas os clichês não são problema e sim a forma como eles são usados, certo?
Jackson Oz é um biólogo que começa a perceber padrões de comportamentos estranhos nos animais e a partir de estudos passa a buscar discutir e divulgar sua preocupação com o mundo que parece não o levar muito a sério. Ele conhece a ecologista Chloe Tousignant após salvá-la de um ataque e ela é única pessoa que dá ouvidos às teorias bizarras de Oz sobre o comportamento dos animais. Os dois unem forças e juntos irão desbravar o mundo cientifico em busca de uma explicação.
Uma das coisas que mais prezo no encontro com qualquer obra artística é sua profundidade, no caso da literatura a construção de bons e complexos personagens é quase preceito indispensável para meu envolvimento com a trama. Os dois personagens principais são genéricos demais, não há nada que os diferencie da multidão. Oz é um cara comum, e ele é identificado dessa forma não por ser apresentado assim, mas por deficiência de material que o construa como qualquer outra coisa. A personagem de Chloe está ali para ser a fiel assistente, a coadjuvante feminina que é quase uma regra não dita dessa formatação literária. Acontecem duas mortes de pessoas próximas à Oz e não é descrito quase nenhum sentimento de luto, frustração ou raiva, os autores pareciam não se importar com seus personagens e preferiram se dedicar apenas à trama o que pra mim é um erro gravíssimo, visto que é através nos personagens que nos colocamos e nos importamos com o que acontece na trama.
A leitura é bastante ágil, os capítulos têm no máximo duas páginas, o olhar dos autores é superficial demais, senti falta de participar da história, me coloquei como uma observadora distante, pela falta de detalhes. A primeira parte da história é agradável, o mistério a respeito do comportamento dos animais fica bem estabelecido e é o principal motor que guia a leitura, porém nenhum suspense se sustenta por muito tempo sem que seja alimentado o substituído por outro. O desenvolvimento da obra é brusco, após um determinado acontecimento, o livro faz um salto de 5 anos e mostra a sociedade apocalíptica que Oz temia, isso me incomodou um pouco, gostaria de observar o crescimento do problema, porém a proposta de Patterson e Ledwidge parecia ser mesmo a de olhar com superficialidade e exibir muitas mortes e sangue em suas páginas que tem seus pontos fortes, porém não dá espaço para que o leitor consiga se colocar naquele ambiente de desespero e ignorância.