Crítica: Segredos de Guerra

Em Segredos de Guerra temos uma história situada no auge da Guerra Fria, onde acompanhamos um soldado problemático que forma um complicado triângulo amoroso proibido com um piloto de caça e sua companheira em uma base da força aérea soviética.

A produção é um drama romântico de guerra com direção de Peeter Rebane e com roteiro de Rebane ao lado de Tom Prior que aos poucos explora um romance sensível entre os personagens, o que gera conflitos tanto pelo triângulo amoroso como também pela estrutura social da época.

Tudo isso ainda estando ao redor de um sistema opressor militar que é contrário à existência de pessoas LGBT dentro desse contexto, assim o longa consegue comentar muito sobre o preconceito em um cenário diferente e tem muito a dizer sobre a condição de várias pessoas naquele período histórico.

A direção sabe como misturar bem os tons que a trama intercala indo de relações calorosas para ambientes sombrios e trágicos, ao narrar o decorrer da vida desses personagens e suas conexões que são criadas e aos poucos testadas pelas mudanças inevitáveis da vida.

A direção de fotografia exerce um papel forte para criar a abordagem emocional, explorando locais de pouca iluminação e uma certa maior exposição de cores em momentos pontuais do romance.

Mas o que segura bem essa história está no elenco que possuem grande química entre Tom Prior e Oleg Zagorodnii como Sergey e Roman ao desenvolver o amor e a tragédia dessa relação de maneira cativante e poderosa, porém a Diana Pozharskaya como Luisa também se destaca e cresce ao longo do desenrolar de seus dramas e como ela lida com os conflitos ao seu redor na história.

Talvez o grande problema do longa seja que por mais que consiga equilibrar temas, personagens e arcos até certo momento da trama, existe um deslize na conclusão ao termos um fechamento muito súbito que quebra o ritmo que era desenvolvido pelo roteiro e direção.

O que compensa tudo é a maneira como a produção conclui em seus minutos finais, oferecendo um ciclo para um do personagens e amenizando as falhas, através de uma sequência que valoriza a atuação de Tom Prior e termina deixando grande impacto no público.

Essa é uma história clássica de romance, drama e guerra sobre passagens de tempo e a resistência do amor mas que ganha certos contornos únicos ao adicionar o cenário social tanto da União Soviética como também da vivência LGBT ao mostrar a força de um amor se opondo à sociedade da época e resistindo ao máximo.