[Top 5] Universos Distópicos do Cinema

Você já se imaginou vivendo em condições extremas de opressão? Sendo regido(a) por um governo que não te dá as condições mínimas para seu bem estar e que nem mesmo parece se importar. O modelo autoritário de governo, a divisão da sociedade em “castas” e a imposição de condições precárias de vida são as marcas da Distopia. Sendo o contrário da Utopia, a Distopia serve como uma crítica social ou sátira de um modelo de sociedade ou de apenas uma característica da sociedade (consumismo, intolerância religiosa, manipulação das massas pela mídia). Sendo amplamente utilizada na literatura e no cinema, por ser algo com que o público se identifica.

 
Os universos distópicos do cinema levantam discussões sociais e filosóficas de uma maneira não tão chocante, abrindo espaço para o debate. Nesse Top 5 eu apresento uma lista de filmes que abordam esse tema. Contudo existem centenas de obras que se utilizam desse recurso, e muitos filmes ficaram de fora. Talvez essa lista tenha uma parte 2 no futuro.

 

5 – Jogos Vorazes

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Uma das séries de filmes mais lucrativas dos últimos anos. Baseada na obra da escritora americana Suzanne Collins, Jogos Vorazes é uma crítica a um governo corrupto que não se preocupa com o bem estar da população. Temas como a disputa entre classes sociais, consumo de entorpecentes, a alienação de um povo que dá as costas aos seus semelhantes, as discussões éticas sobre as atitudes que uma pessoa ao longa da vida e até onde uma pessoa é capaz de ir pela auto-preservação são temas recorrentes dos filmes e livros da série.

 
Após perder o pai em um acidente, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) assume o posto de provedora da família, através da caça ilegal na floresta. Quando sua irmã mais nova é escolhida para participar de um reality show de sobrevivência Katniss toma a difícil decisão de assumir o lugar dela, mesmo que isso signifique sua morte. Junto de um garoto esquisito do mesmo distrito, Peeta Mellark (Josh Hutcherson) ela é levada para a Capital, onde os dois serão treinados para a arena. Katniss usa uma estratégia para conquistar os espectadores e os patrocinadores, fingir estar apaixonada por Peeta. Apesar das muitas dificuldades os dois conseguem sobreviver a arena e ainda por cima humilham os idealizadores dos jogos. Katniss pode ter conseguido sobreviver a arena, entretanto agora ela faz parte de uma trama muito maior, que prega o levante contra a Capital e a queda do Presidente Snow (Donald Sutherland).

 

4 – Repo! The Genetic Opera

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Esse filme de 2008 não foi lançado no Brasil, o que é uma pena, pois Repo! é um dos meus filmes favoritos. Dirigido por Darren Lynn Bousman (Jogos Mortais, II, III, IV) e com roteiro de Terrance Zdunich, Repo! é uma “ópera rock de horror” ambientada em uma cidade dos Estados Unidos no ano 2056. Nesse futuro a humanidade se recupera de uma epidemia global de falência de órgãos. Uma empresa de biotecnologia surge como a resposta para a crise, oferecendo transplantes de órgãos geneticamente modificados. Tanto ricos quanto pobres tem acesso aos “produtos” da GeneCo através de planos de financiamento.

 

O problema é que quando um cliente atrasa seus pagamentos a GeneCo exige a devolução do órgão. Assassinos profissionais chamados Repo men são enviados para tomar os órgãos dos clientes. Rotti Largo (Paul Sorvino), presidente da GeneCo, está morrendo e precisa escolher um herdeiro para seu império, contudo ele acredita que nenhum de seus três filhos seja merecedor. Ele vê na jovem Shilo (Alexa Vega), filha de seu Repo men mais leal, a herdeira perfeita. Rotti, ao fazer a proposta para Shilo, estabelece uma bizarra condição para a moça.

 
O filme parece um clipe do Evanescence, gótico, escuro, com ar de mistério. O elenco foi muito bem escolhido e as canções se encaixam perfeitamente com o enredo, mas o que chama mais atenção é a crítica as megas corporações. Outros temas como, vício em drogas, abuso de cirurgias plásticas, alienação das massas e poluição ambiental também são mostrados no longa.

 

3 – O Sobrevivente

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Se você é uma daquelas pessoas que reclamam da programação da TV e que acha os reality shows uma perca de tempo, então esse filme foi feito para você. The Running Man ou O Sobrevivente, como é conhecido no Brasil, conta a história de uma sociedade manipulada pela mídia. O ano é 2017, a economia e a sociedade encontram-se subjugadas por um estado policial e todas as manifestações culturais estão sob censura. O governo utiliza a televisão como ferramenta de controle, alienando a população através de programas de jogos, onde criminosos condenados lutam por suas vidas ao vivo.

 

O protagonista Ben Richards, que é interpretado por Arnold Schwarzenegger, é um criminoso tentando fugir do país. Infelizmente sua tentativa acaba sendo frustrada por Amber Mendez (Maria Conchita Alonso), uma mulher que reconhece o criminoso e o denuncia. Ben Richards e dois de seus companheiros da prisão são escolhidos para participar do programa O Sobrevivente. Ben e seus dois amigos terão que enfrentar gladiadores em um cenário de cidade devastada se quiserem sair vivos e ser recompensados com a liberdade. Amber descobre que Ben é um inocente que foi incriminado injustamente, tenta impedir o programa e acaba sendo colocada dentro do jogo de sobrevivência. Agora além de os quatro concorrentes lutarem por suas vidas, terão que desmascarar os produtores do programa e provar sua inocência para os telespectadores.

 
O longa, dirigido por Paul Michael Glaser, é um clássico dos anos 80 e foi inspirado no livro homônimo de Stephen King, sob o pseudônimo Richard Bachman. Nem preciso dizer que um filme com a temática competição pela sobrevivência é recheado de cenas violentas. Quem gostou de Jogos Vorazes provavelmente irá gostar de O Sobrevivente.

 

2 – Metrópolis

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Esse filme alemão de 1927 é considerado um clássico até hoje. O enredo se passa no ano 2026 e conta a história de Metrópolis uma cidade dividida em duas classes sociais, os  magnatas ricos e os operários pobres. A cidade é uma grande torre, onde os mais ricos vivem nos andares mais altos, desfrutando as maravilhas do Jardim dos Prazeres enquanto os pobres trabalham nos mais baixos. A cidade é governada com mão de ferro pelo insensível Joh Frederson (Alfred Abel) que despreza os operários. Certo dia o filho de Frederson, Freder (Gustav Fröhlich) conhece a líder dos operários, Maria (Brigitte Helm) e acaba se apaixonando por ela.

 

Freder decide descer até a cidade dos operários e fica indignado com as condições sub-humanas em que eles vivem. No meio tempo Frederson visita a oficina de Rotwang (Rudolf Klein-Rogge), um cientista louco que havia inventado o primeiro robô com aparência humana. Rotwang cria o robô para substituir o trabalho dos operários, entretanto Frederson, temendo uma revolta da classe trabalhadora, ordena ao inventor que torne o robô semelhante a Maria. O robô, agora disfarçado de Maria, se infiltra entre os operários e passa a semear a discórdia entre eles. Freder descobre o plano de seu pai e decide intervir, e essa atitude terá grandes consequências que afetarão os dois grupos sociais.

 
Metrópolis é uma rica experiência visual que serviu de inspiração no mundo da moda e da música. Apesar de o filme ter sido lançado quase um século atrás seu questionamento ainda é muito atual. O longa foi dirigido por Fritz Lang, que também atuou como roteirista, junto com Thea Von Harbou.

 

1 – Akira

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Um marco para a cinema mundial, a primeira animação japonesa a ser exibida em um cinema no Brasil. Esse filme ,que praticamente aborda todos os elementos considerados tabu pela sociedade, carrega uma legião de fãs apaixonados por seus personagens e pelo enredo crítico. O filme lançado em 1988, com direção e roteiro de Katsuhiro Otomo é baseado numa série de mangá também escrita por Katsuhiro Otomo. Esse clássico cyberpunk conta a história de Kaneda Shotaro e Tetsuo Shima, dois membros de uma gangue de motociclistas. Após ter sido destruída durante a Terceira Guerra Mundial, a cidade de Tóquio é reconstruída e passa a se chamar Neo-Tokyo.

 

Durante um conflito com uma gangue rival Tetsuo foge e acaba encontrando uma criança misteriosa que fazia parte de um  programa secreto de pesquisa do governo. Tetsuo e a criança são capturados pelos responsáveis do programa e levados a força para uma instalação militar. Lá Tetsuo passa por experiências e acaba desenvolvendo poderes psicocinéticos e tendo sua saúde mental prejudicada. Tetsuo fica obcecado com a história de Akira, um rapaz que também possuía poderes 30 anos antes e decide se tornar mais poderoso do que ele. Os novos poderes de Tetsuo tornam-se instáveis e acabam pondo as vidas das pessoas de Neo-Tokyo em risco. Kaneda procura trazer o amigo de volta à razão, mas ele acaba descobrindo informações poem a amizade dos dois em risco.

 
Akira faz questionamentos sobre a alienação da juventude, a ineficiência de um governo corrupto, o uso da violência como método de resolução de problemas, o fanatismo religioso e a insensibilidade científica. O longa é cru e visceral, repleto de cenas fortes, como estupros, tortura e pessoas morrendo. Ainda assim é um filme que vale muito a pena assistir.