Crítica: A Bravura de Molly

A Bravura de Molly é um filme de Leah Purcell que chegou ao Cinema Virtual trazendo uma perspectiva social para os tempos de faroeste, a produção se baseia no famoso conto do escritor Henry Lawson e ocorre em 1893, no Outback australiano, narrando a história da grávida Molly Johnson que luta para criar seus filhos e sobreviver à fome e a vida selvagem enquanto seu marido está longe.

Ela forma um vínculo com Yadaka, um fugitivo aborígene que a ajuda no nascimento e no enterro de seu bebê natimorto, mas quando o sargento Nate descobre que o marido de Molly na verdade está desaparecido, ele envia seu assistente Leslie para investigar a situação.

A trama se desenvolve primeiramente na ótica dessa família sobrevivendo sem a presença paterna tradicional, propõe um revisionismo interessante com a forma como o Yadaka integra esse círculo da família e na maneira como traz um grande reforço nesses momentos díficeis, porém devido questões da época essa família passa a enfrentar o machismo, preconceito e a sociedade conservadora dominante desse período turbulento.

No decorrer da produção nós vamos aos poucos compreendemos como Molly é vista pelos outros e quais foram os eventos que levaram ao desaparecimento do pai, além de alguns subtextos importantes sobre a luta por direitos das mulheres, mostrando que essa é uma história que acima de tudo busca o olhar sobre o feminismo, mas através de tempos extremamente complicados em lutar por direitos.

O filme tem um visual mais opaco e com tons de cinza, algo que ajuda a capturar a crueza da vida da época e esse tom de drama mais pesado, mas não é por isso que ele se desprende totalmente de aspectos do gênero de faroeste, pois ele ainda usa muitas técnicas cinematográficas e dentro do roteiro que se adequam ao gênero.

Por exemplo, há um uso de arquétipos de personagens na trama que são bem típicos desses filmes, mas aqui em uma raiz mais dramática e principalmente familiar, além de efeitos sonoros e uma trilha que trazem um pouco desse mundo dos faroestes.

As atuações também se destacam muito na produção, principalmente devido ao trabalho de Rob Collins como Yadaka e Purcell como Molly, uma protagonista forte e determinada a proteger totalmente sua família de todo o mal desse período histórico.

Ainda que o filme explore um cenário revisionista de faroeste que não é tão inédito no cinema, há um cuidado especial da direção em contar essa jornada de Molly e sua família, revisitando o faroeste e remodelando um pouco ele ao falar sobre questões sociais, porém ainda se utilizando de certos elementos narrativos típicos dessas produções, mas tomando atitudes mais cruas e realistas.

A Bravura de Molly é um filme que sabe equilibrar muito bem o seu uso do cenário dentro do seu gênero, mas também propõe reflexões sobre a época que revela que essas opressões só contribuem para destruições de famílias.