Crítica: Adoráveis Mulheres

O filme “Adoráveis Mulheres” é inspirado no livro “Mulherzinhas”, de Louisa May Alcott. A história que foi digna de seis adaptações no cinema e uma das versões mais famosas é a penúltima, estrelada por Winona Ryder no ano de 1994. A obra também foi adaptada como série de TV em 1958, várias peças da Broadway, um musical, um ballet e uma ópera.

É uma história que foi contada diversas vezes e em numerosas formas de arte. Dessa vez, ganha a visão de Greta Gerwing que fala sobre as mulheres Marchs, as irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) que amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem uma pela outra.

Crítica: Adoráveis Mulheres

Temos duas linhas temporais aqui, o passado fica responsável por contar sobre a transição das meninas da adolescência para a vida adulta enquanto no presente são narrados os desafios de enfrentar a vida e se responsabilizar pelas suas escolhas. Diante disso, temos as personagens, Jo (Ronan), que não consegue compreender as escolhas de suas irmãs, e almeja se tornar uma escritora, uma mulher independente, mas se enxerga sozinha por não se sentir pertencida a época em que vive. Meg (Stone) é uma jovem que não avista problemas em seguir padrões desde que seja guiada pelo seu coração, mas ela não aceita sua condição social e no decorrer do filme ela vai sendo forçada a aprender a lidar com isso. Amy (Pugh) após o período de adolescência das suas irmãs, percebe que carrega consigo a responsabilidade de dar suporte financeiro a família e começa a tomar decisões baseadas no que é preciso, e não no que realmente deseja. Ela é a mais birrenta principalmente por sentir uma certa inferioridade em relação a sua irmã Jo, o que não muda o amor que uma sente uma pela outra, mas gera alguns atritos dentro da família. Beth (Scanlen) é doce, é equilibrada, é compreensiva, é musicista.

Com um elenco desses, o que esperar das atuações? Embora, a Saiorse Ronan tenha sido indicada ao Globo de Ouro por sua atuação, quando voltamos para aquela questão da linha temporal ela deixa um pouco a desejar no sentido da transição de passado e presente. Já a Florence Pugh consegue ser perfeita nesse quesito, ela consegue desenvolver muito bem todas as camadas de sua personagem entregando mais uma atuação brilhante em sua carreira. Emma Watson e a Eliza Scanlen agregam atuações seguras e que abrilhantam a trama. Além disso, temos a Laura Dern (que é uma das melhores mães nos filmes em que atua), ela funciona com excelência no papel de “mãezinha” e está em uma das melhores fases profissionais. Já a Meryl Streep vive aquela típica senhorinha ranzinza, e é Meryl né, gente? Então, está perfeita.

Crítica: Adoráveis Mulheres

Fechando este elenco esmerado temos o Timotheé Chalamet interpretando o Laurie e o Chris Cooper dando vida ao Sr. Laurence, que tem um padrão de vida mais elevado e uma boa sinergia com as suas vizinhas, as Marchs. Ambos funcionam bem como coadjuvantes.

Com um roteiro bem escrito e um texto consistente, através da protagonista Jo vemos a dificuldade de ser mulher, e de poder tomar as rédeas de sua vida principalmente com uma família humilde ela tenta com afinco expor seu talento e não ter a sua fragilidade colocada como pauta. Ela consegue enxerga à frente de seu tempo a questão de igualdade entre gêneros e quebrar paradigmas que naquela época eram grandes tabus. Em diálogo da personagem da Tia March (Streep) é possível perceber a visão da sociedade daquela época, pois caso a mulher almejasse fazer sucesso seria dona de bordel ou atriz, contrapartida seria considerada meretriz. As escolas para mulheres eram ditadas pelo poder dos homens que tinham liberdade de bater nas garotas caso fizessem algo que não fosse do seu agrado ou considerado errado. Ter talento voltado para artes também não era algo bem visto pela sociedade, a mulher poderia usar a arte como hobbie para passar tempo, mas viver de arte naquela época era algo impensado, questões que precisaram de tempo e de muitas lutas de feministas para poderem ganhar atenção, embora ainda muito precise ser feito, o filme pode servir como reflexão para que homens e mulheres que ainda tem o pensamento retrógrado comecem a rever seus conceitos e entender que a mulher deve se empoderar e fazer suas próprias escolhas.

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