Crítica: Tempo

Tempo, Tempo, Tempo, Tempo é um trecho da canção de Caetano Veloso que fala sobre essa grandeza física que permite medir a duração das coisas mutáveis, a nossa idade é uma delas. E, Tempo também é título dado aqui no Brasil ao novo suspense de M. Night Shyamalan que conta a história de uma família que em um feriado tropical descobre uma praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas e algo faz com que eles envelheçam rapidamente… reduzindo suas vidas inteiras em um único dia.

A história foi baseada nos quadrinhos Castelo de Areia do francês Pierre-Oscar Lévy, o filme começa apresentando as famílias, e em pouco tempo somos levados a praia mais isolada, em que tudo parece bem, mas coisas estranhas começam a acontecer, e a mais marcante é o envelhecimento enquanto as crianças se tornam adultas, os velhos se tornam anciãos – e logo falecem. E todos no local são tomados pelo desespero, rapidamente estamos imersos aquela situação e levantando questionamentos: Qual a origem dos acontecimentos? Como são selecionadas aquelas pessoas? Confesso que pensei que comecei a teorizar sobre o sobrenatural e até extraterrestres e vou deixar que teorizassem também, tá? Mas, fiquem tranquilos que essas dúvidas são sanadas ao final.

O elenco não tem rostos tão conhecidos pelo público, certamente vocês vão lembrar do Alex Wolff que tem trabalhado em várias produções ultimamente Jumanji: Bem-vindo à Selva (2017), Hereditário (2018), Capital Humano (2019) e no mais recente Pig (2021) ainda sem data prevista para lançar no Brasil. Outro rosto que vocês podem conhecer é Gael García Bernal, o ator mexicano que participou de algumas comédias românticas de Hollywood como, Cartas para Julieta (2010), Pronta para Amar (2011) e nesta produção ele interpreta o Guy Cappa, o pai de Trent (Wolf) e Maddox (Thomasin McKenzie) são crianças unidas e felizes, mas como nem tudo são flores ele atravessa uma crise com  a sua esposa Prisca Cappa (Vicky Krieps), eles convencem como uma família que estão em um momento conturbado e que precisam se unir neste momento delicado.

A outra família é composta por Charles (Rufus Sewell), Chrystal (Abbey Lee Kershaw), Kara (Eliza Scanlen) e Agnes (Kathleen Chalfant) é claramente um núcleo familiar também problemático, em que o Charles representa a futilidade e a Chrystal é uma mulher que não aceita o processo de envelhecimento devido a questão estética e a filha deles Kara parece ser divergir um pouco dos valores dos pais e se torna rapidamente uma menina determinada. Ainda na praia, tem um casal a psicóloga Patricia (Nikki Amuka-Bird) e seu gentil esposo, o enfermeiro Jarin (Ken Leung), eles são os últimos a chegar ao local e também se tornam alvo de desconfiança dos que já estavam na praia.

Mas, o que vocês querem saber se o filme é bom, né? Deixa-me falar, é uma experiência diferente e que pode ser até um pouco enfadonha, sabe quando você fica um dia inteiro na praia e retorna para casa enfadada, o filme causa um pouco dessa sensação, ao mesmo tempo ele cumpre o seu papel de prender o espectador porque você que saber o que aconteceu e o que vai acontecer. E ele levanta também o fato da brevidade da vida, o que fazemos com o nosso tempo? E se tivéssemos apenas um dia de vida?

Com um argumento interessante e a execução paralela de gêneros como, o sci-fi, o suspense, o flerte com o terror e a técnica impecável de M. Night Shyamalan diretor do qual sou fã, apesar de reconhecer que sua carreira tem altos e baixos, suas produções além de gerar expectativas tem um toque especial, e este filme não pode ser considerado um desperdício de tempo, ele faz com que você avalie o uso do seu tempo a partir de um experimento de observação do comportamento humano durante uma situação de vulnerabilidade.