Mais um filme sobre guerra, mais um filme sobre um grande cidadão americano que dedica sua vida a servir o país, mais uma história sobre como o ataque às torres gêmeas mudou a vida de muitas pessoas (americanas). Dentro do mais do mesmo “American Sniper”, ou “Sniper Americano” dirigido pelo já consagrado Clint Eastwood, conta a história do maior franco-atirador da história dos Estados Unidos da América, e consegue até se sair bem dentro da baixa ambição na qual se permitiu.
Bradley Cooper foi indicado ao Oscar por sua interpretação de Chris Kyle, o que na minha humilde visão é algo questionável, não que ele não tenha desempenhado um bom trabalho, pelo contrário, seu trabalho é absolutamente competente, o ator engordou para ficar mais parecido fisicamente com o verdadeiro Kyle, seu trabalho de voz e sotaque é impecável e sua presença dentro da narrativa é excelente, porém quando isso é posto em contraposição com a interpretação visceral de Jake Gyllenhaal em “O Abutre”, a performance de Cooper perde um pouco de força e seu lugar de “melhor ator” na premiação, pertencia à Jake.
O filme começa de forma muito interessante expondo a indecisão de Kyle em atirar ou não em uma criança transportando uma granada, porém esse pontapé inicial denunciou uma complexidade que não se mostrou da forma como deveria, pelo contrário, por muitas vezes o personagem de Kyle é absolutamente previsível. A cenografia é muito boa, o filme é muito bem ambientado, sem exageros, a fotografia acinzentada ajuda o espectador a perceber a sujeira que é aquele lugar, onde a cor mais bonita a ser vista é o vermelho do sangue das pessoas que se espalham pelas paredes e pelo chão.
Por mais que existam poucos grandes acontecimentos no roteiro, a edição bem realizada faz com que o filme seja agradável de forma que não fique maçante, é possível se envolver com trama e com o personagem de Bradley Cooper, que é exageradamente o foco do enredo. Senti falta de mais investimento do elenco de apoio, a sensação é de que ninguém mais é importante, tudo gira em torno de Chris Kyle, e a falta de subtramas acaba deixando o filme raso, sem conexões consigo mesmo.
“Sniper Americano” é apenas mais um filme de guerra dos tão patriotas estadunidenses, é um bom filme, bem ambientado, bem atuado, bem montado, porém é mais do mesmo, não oferece absolutamente nada de novo. É filme agradável, bem ritmado, feito de americanos para agradar os americanos, sua indicação ao Oscar é exagerada, e aconteceu por comoção dos tantos americanos membros da academia e/ou uma tentativa de promovê-lo comercialmente.