“Atômica” é um nome que costuma ser usado para adjetivar uma bomba, já que significa uma mistura de reações que causam uma verdadeira potência ou estrago, e é isso que a agente Lorraine Broughton (Charlize Theron) é, uma potência de mulher que parece estar com uma bomba nas mãos e a qualquer momento vai explodir.

Na trama, a agente Lorraine (Theron) é convocada para ação enquanto um espião secreto é morto as vésperas da queda do Muro de Berlim. Após esse acontecimento, ela vai precisar rastrear uma lista que estava sendo contrabandeada para que seus colegas não sejam expostos com as revelações que podem conter nessa lista.

Ao longo do filme a missão vai se desencadeando e muitos fatos vão sendo apresentados, talvez esse seja o grande problema, pois são muitas informações despejadas sem um grande aprofundamento. Outro ponto negativo, é que o filme se prolonga demais e por diversos momentos me lembra a proposta de “Salt” (2010), mas em uma produção mais elaborada.

Tudo se passa em forma de flashback, em uma espécie de julgamento particular no qual a protagonista é indagada pelo seu superior e um agente da CIA. Por se passar em Berlim, o filme tenta se ambientar na época em que houve o término da segunda guerra mundial e a queda do muro.

No elenco temos John Goodman que cumpre bem o seu papel, enquanto Bill Skarsgård se mostra um ator bem promissor, e apesar de não ter tido um grande destaque nesse projeto possivelmente ele será lembrado por sua interpretação no filme “It – A Coisa” no qual ele viverá o palhaço, Pennywise. James McAvoy é um ótimo ator e comprovou isso em Fragmentado, aqui em Atômica ele segue excelente, interpretando um homem transtornado que é pouco empático e está sempre praticando coisas que possam lhe render vantagens. Sofia Boutella nunca havia sido tão delicada em nenhum papel, já neste ela exala feminilidade e beleza, mais é claro que todo o crédito fica para Charlize Theron, que é o grande destaque em todo o elenco e domina cada uma das cenas.

A maioria das pessoas sabe que Charlize procurou por Keanu Reeves, que viveu por duas vezes um personagem que caiu nas graças do público, o John Wick, que inclusive rendeu muitas críticas positivas. Neste filme, ela é uma espécie de Wick feminina, com algumas ressalvas nas lutas que são muito mais coreografadas, esbanjando seu charme em uma luta extremamente corporal.

Muito se fala que esse é o melhor papel de Charlize Theron, mas prefiro discordar e pensar que em “Mad Max” (2015) a Furiosa trouxe muito mais representatividade que Atômica, e o motivo é simples: o roteiro, a essência da história. É perceptível que a atriz se dedicou muito a viver esse papel, até porque ela é a produtora do filme e possivelmente tinha uma ideia a ser transmitida com a Lorraine, mas é uma personagem fria e amarga, com poucas motivações de vida e não somos introduzidos muito bem a sua história, diferente de John Wick.

Parece que os filmes de super-herói fizeram com que as pessoas dessem um pouco mais de atenção a trilha sonora que é tão importante para compor uma obra cinematográfica. Neste longa eles vão valorizar a trilha colocando grandes ícones dos anos 80, como The Clash e David Bowie, que vão te causar uma nostalgia caso tenha vivido nessa época, ou ainda que não seja o seu caso, as canções vão fazer você se interessar em conhecer mais sobre as bandas após o filme. Ainda assim, é preciso salientar que houve um certo excesso na quantidade de músicas que foram tocadas durante o filme.

A fotografia apresenta uma predominância de tons escuros que também fazem contraste com tons mais claros, além da iluminação de neon que marca presença em quase todo o longa. Os enquadramentos são eficientes dentro do gênero de ação, e o capricho da direção de arte, sem dúvidas, está no figurino.

“Atômica” não parece ter porte para se tonar uma franquia, pois pecou em não explorar bem os personagens e em repetir erros previsíveis em filmes do gênero. Caso goste de ação e admire boas lutas nas telonas, talvez esse seja um filme para você.