Em “A Chegada” após o aparecimento de naves alienígenas ao redor do planeta, a respeitada linguista Doutora Louise Banks (Amy Adams) é requisitada para trabalhar com os militares junto do Coronel Weber (Forest Whitaker) e do físico teórico Ian Donelly (Jeremy Renner) para descobrir se os visitantes vieram ou não em paz, no entanto os outros países podem não serem tão pacientes quanto eles e o perigo de um possível conflito ameaça a todos.
Agora vamos elucidar um pouco seu enredo, no qual a narrativa segue a personagem Louise em sua jornada para compreender e traduzir o dialeto desconhecido, enquanto vemos aos poucos um caos se estender mundo afora pela mídia e outros países que tomam atitudes diferentes perante os seres extraterrestres, além de aos poucos desenvolver e nos mostrar mais e mais sobre a vida de Louise Banks. O longa consegue construir bem essa trama e subtrama casando-as perfeitamente e gerando até algumas reviravoltas que farão vários nerds surtarem em questões de segundos.
O roteiro funciona muito bem através de atuações divertidas e inspiradas dos atores e atrizes envolvidos. Amy Adams brilha no melhor papel de sua carreira com a dedicada e compenetrada linguista repleta de muitos momentos inspirados dela contracenando muito bem com o imponente Forest Whitaker e divertidíssimo Jeremy Renner. Jeremy atua bem, mas não sai da sua zona de conforto sendo o sujeito carismático e engraçado que cria uma relação com Louise ao mesmo tempo que trabalham juntos em uma química muito boa e agradável, porém o perfil do ator se adéqua muito mais a um militar do que a um físico. Forest Whitaker também está dando um show de performance com seu coronel que sabe quando ser rígido e quando ser simpático em muita sintonia com Amy durante a produção, temos no resto um elenco pontual que entrega bem o que se precisa, mas que por não receberem destaque não dá para se comentar muito sobre eles.
Essa obra não poderia ter tido o sucesso esperado se não estivesse nas mãos do talentoso e promissor diretor Denis Villeneuve, que até então havia criado suspenses bem instigantes e dramáticos em obras muito interessantes, aqui ele enfim se consolida como um grande diretor e mergulha em um universo de linguagens, semiótica, drama, divergências geopolíticas e termos científicos avançados que crescem conforme os minutos passam e se tornando cada vez mais empolgante sabendo utilizar o mistério, a ficção e os inúmeros detalhes que existem dentro do processo de desvendar uma língua desconhecida.
Um dos pontos mais interessantes da produção está também em sua arte, ao vermos os figurinos do exército, os uniformes dos cientistas e as roupas usadas por eles dentro da nave, outro fator importante que evidencia isso está no design do OVNI por fora e principalmente por dentro pois é aqui que percebemos a forma sombria e misteriosa escolhida para construir esse cenário científico no qual será desenvolvido grande parte dos eventos.
A direção de fotografia deve ser comentada, pois está bem elaborada na proposta de suspense e ficção científica com contraste, tons de cinza e um azul claro que juntos criam a aura de mistério acerca da história sobre OVNIS e com alguns momentos dotados de sombras demonstrando um drama familiar pesado. Além de seu bom uso de cores existe um requinte na forma com que desenvolve ângulos e enquadramentos inusitados que compõem quase todas as cenas envolvendo os alienígenas e sua estranha nave.
No entanto o clima nunca chegaria ao desejado se não estivesse bem aliado à sua icônica e bem construída trilha, impactante, sinistra e carismática que evoca clássicos do gênero dos anos 60 e 70 que nos emitem estranhas sensações ao ouvi-la acompanhada das sequências intrigantes.
Podemos concluir que “A Chegada” é uma das melhores produções do último ano e um dos fortes candidatos ao Oscar de melhor filme, afinal trata-se de uma obra diferente do gênero de ficção científica, sendo esse com certeza um filme que ainda será muito lembrado e que vale a pena rever várias e várias vezes. Lembre-se de anotar o nome de seu diretor Denis Villeneuve que ainda ouviremos muito sobre ele, afinal ele se manterá no mesmo gênero ao dirigir “Blader Runner 2049”, sequência do cultuado clássico que ganhará uma sequência ainda esse ano.