Crítica: Gavião Arqueiro

Gavião Arqueiro é a nova série da Marvel Studios disponibilizada pela Disney+, a produção resgata Clint Barton (Jeremy Renner) de sua aposentadoria para uma série de desventuras na véspera de Natal ao lado da jovem confiante e energética Kate Bishop (Hailee Steinfeld).

Na trama, o ex-Vingador Clint Barton precisa voltar para sua família no Natal, algo que talvez ele consiga com a ajuda de Kate Bishop, uma arqueira de 22 anos com sonhos de se tornar uma super-heroína, agora devido à uma série de incidentes os dois são forçados a trabalhar juntos quando uma figura do passado de Barton ameaça muito mais do que o espírito festivo.

A adaptação dos quadrinhos de Matt Fraction e David Aja faz um bom trabalho, o roteirista Jonathan Igla incorpora o clima natalino para o material e souberam pegar muitos elementos das HQs ao mesmo tempo que situam dentro do que é possível do MCU, uma boa escolha para para não figurem tanto do que foi estabelecido no cinema, mas também não ignoram certo apelo dessa icônica fase dos quadrinhos.

Durante os seis episódios da temporada Kate e Clint correm por ruas e bairros de Nova York para investigar um assassinato e aos poucos vão enfrentado diversos oponentes do crime organizado na busca por respostas, ao mesmo tempo vemos a Kate aprendendo a ser uma heroína e Clint precisando enfim lidar com a perda da Viúva Negra.

A série joga em um território mais simples e fazendo tom básico do que se espera do MCU em relação a criar uma trama que varia entre a comédia e ação, mas a produção ganha certa força devido a mirar baixo em suas ideias e ficando nesse campo urbano que até então era inédito na Marvel (afinal as séries da Netflix foram desconsideradas pela Marvel), além desse cenário novo também há uma química muito forte de Hailee Steinfeld com Jeremy Renner que garantem momentos dramáticos e humor na medida certa para a história se tornar carismática e envolvente.

Quanto aos demais atores, temos uma Vera Farmiga sempre ótima que explora a complicada relação de Eleanor Bishop com Kate e é bom ver Tony Dalton, um dos melhores atores de Better Call Saul, aqui se divertindo em um papel misterioso e excêntrico, além disso também temos certo destaque com os atores convidados como Florence Pugh sendo a debochada Yelena Belova e Vincent D’Onofrio como o assustador Rei do Crime, agora realmente introduzido no MCU e podendo brincar muito mais com sua versão do personagem.

A direção de Rhys Thomas e Bert & Bertie falha um pouco, há episódios que podiam ser mais dinâmicos e outros que podiam ter investido em uma diversidade de construção de planos e movimentos de câmera (algo que já vimos que as séries podem oferecer tanto em WandaVision ou Loki), mas há também episódios com grandes acertos como em um episódio que usa metade da duração para uma sequência de ação que alterna entre combate corporal para uma perseguição de carros que ainda serve para criar uma ligação entre os personagens se utilizando da ação.

Apesar de algumas subtramas que tomam certo tempo, a produção consegue conciliar todos esses elementos no seu final de temporada que se saiu bem satisfatório, oferecendo um sabor de estar lendo um gibi da Marvel com personagens interligando na trama, mas sem perder o foco do que importa que é justamente a conexão emocional entre Kate e Clint, além de tomarem a boa escolha de colocar o Rei do Crime mais como uma figura de combate, enquanto a trama se desenrola mais com Eleanor Bishop e Yelena.

Gavião Arqueiro apesar de simples e com certas fragilidades na direção pouca inspirada, ganhará o público por diversos fatores como o humor e ação, além daqueles que anseiam por histórias menores e mais concisas que explorem ambientes urbanos, e com certeza deixará muitos empolgados para ver cada vez mais de Hailee Steinfeld no papel de Kate Bishop que promete crescer ainda mais graças ao talento e carisma contagiante da atriz.

A cena pós-créditos não tem muito a oferecer para quem gosta de especular sobre o futuro, mas é diversão garantida ao brincar de maneira hilária com um certo conceito mostrado de forma passageira na série, mas eu respeito a Marvel Studios por quebrar algumas expectativas e oferecer apenas algo divertido em vez de material especulativo que pode ser meio incômodo em certos momentos.

Obs: Caso você não tenha visto as produções da Netflix, não se preocupe, essa versão do Rei do Crime basicamente é uma nova versão com o mesmo ator (algo parecido com o J.K. Simmons fazendo o J. Jonah Jameson nos filmes do Tom Holland), aqui ele é mais explosivo, quadrinhesco sem vergonha alguma das HQs e possui uma força descomunal, além dele ter motivações diferentes.

A Marvel provavelmente seguirá o caminho de manter os atores por serem mais seguros, mas Kevin Feige está com certeza reiniciando esses personagens e desconsiderando as produções televisivas anteriores ao Disney+.