Crítica: Doctor Who – A Imensidão Azul

Em A Imensidão Azul temos um segundo Especial de Doctor Who que pode dividir o público nas escolhas de ser uma história de comemoração, mas ao mesmo tempo se trata de uma história que sintetiza muito bem o que é Doctor Who e os tipos de narrativas, mistérios e aventuras que existem há anos na série.

Após o incidente no fim do Especial anterior vemos Doutor (David Tennant) e Donna (Catherine Tate) serem levados por todo lugar no espaço e tempo (com até mesmo tempo para piada com Isaac Newton) e os faz entrar em uma luta desesperada com o destino do universo em jogo ao se deparar com mistérios surreais no vazio do extremo fim do universo.

Não é a primeira vez que vemos Doutor estar em um local do extremo da existência, mas essa é uma das primeiras vezes na versão moderna da série que vemos isso evocar tanto uma aura de horror cósmico em sua mais pura essência ao confrontarem o vazio e o medo do completo desconhecido.

O texto de Russell T. Davies é simples, mas bem fluído ao mesclar várias emoções da aventura ao horror, da comédia ao drama, mas deposita sua força na estranheza do cenário fantástico que eles estão e principalmente nas relações emocionais de Doutor e Donna que trazem ótimas performances de David Tennant e Catherine Tate.

A força maior da história está na direção de Tom Kingsley que mergulha de cabeça nos gêneros e sabe como usar o elenco e os elementos bizarros da trama a seu favor fazendo com que cada reviravolta e cada diálogo ganhem um peso muito maior com sua maneira de contar esse pequeno conto de ficção científica.

Nesse ponto aqueles em busca de fanservice vão se desapontar, mas não há erro algum em escolherem realçarem boas histórias em vez de nostalgia e pensando em contexto muito dessa exaltação de universo ocorreu há pouco tempo atrás em The Power of the Doctor que trouxe vários atores clássicos para comemorar os 100 anos da BBC.

Aqui se aposta muito menos na mitologia do personagem e muito mais em outros aspectos de Doctor Who como se perguntasse ao público: “O que torna Doctor Who tão interessante e popular?”

Minha única grande crítica é que se tivessem ao menos seis histórias em vez de apenas três seria uma jornada ainda mais empolgante para essa versão do Doutor que estamos vendo nas últimas semanas, mas é menos uma reclamação e mais um nota de rodapé para Doctor Who.

A Imensidão Azul no fim entrega mais uma grande história dentro da série e honra o legado trazendo até mesmo uma participação mais do que digna para Bernard Cribbins que é de emocionar qualquer um que já acompanhou a série.

Com o tempo esse pequeno conto pode figurar entre os melhores episódios já feitos ao ser intrigante, divertido e sabendo como empurrar a narrativa até os limites do possível e do impossível enquanto contorna erros dos últimos anos da série e se mostra uma porta de entrada que deve conquistar muitos fãs que estão chegando agora para Doctor Who.

O Especial está disponível na Disney+.