[Crítica] Doctor Who – Especial de Natal: The Return of Doctor Mysterio

Após uma longa espera pudemos enfim rever o senhor do tempo preferido dos fãs de ficção-científica em uma aventura recheada de referências à cultura pop, em especial ao Superman clássico, e o resultado acaba deixando um gosto agridoce em nossas bocas.

“Doctor Who” após o especial de natal de 2015, onde o vimos se despedir de River Song ficamos em um ano de hiatos sem episódios novos devido a questões orçamentárias porque Steven Moffat precisava se dedicar a produção da 4ª temporada de Sherlock.

 

 

Pois bem, nessa aventura doutor (Peter Capaldi) encontra Grant Gordon (Justin Chatwin), um garoto fã de quadrinhos do Superman numa noite de natal e após um incidente ele acaba o transformando em um super-herói clássico dos anos 50.

Com um roteiro bem elaborado vemos uma história que vai e volta no tempo, mostrando o doutor acompanhando a infância do menino e paralelo a isso vemos ele junto de Nardole (Matt Lucas) o reencontrar na forma de um super-herói de uniforme e capa, contrariando todos os ensinamentos que lhe deu sobre não usar seus poderes e se tornar um clássico super-herói, enquanto tentam resolver um mistério envolvendo uma invasão alienígena.

A direção é bem primoroso trazendo o tom certo de comédia e aventura com as mais variadas referencias explodindo na tela, como Pokémon GO, Homem-Aranha, Superman e um pequeno easter-egg de Tartarugas Ninjas e em meio a tudo isso ainda arranja tempo para direcionar seus atores para o drama, mistério e humor do episódio.

Não é o melhor especial de natal de Doctor Who e também não é o melhor episódio escrito por Moffat, mas mesmo assim ainda há um brilho especial nessa história mesmo que simples e casual. Um roteiro bem montado em começo, meio e fim que nos apresenta seus personagens e os desenvolvem nessa colagem de referências dos quadrinhos com tom satírico e paralelo a isso vemos um pouco do sofrimento do Doutor ser explorado na medida certa sem destoar do tom fantasioso e leve do episódio.

No entanto é nas performances que estão os acertos e erros desse especial, mais uma vez Doutor nos faz rir, empolgar e nos emocionar mostrando o porque Capaldi é um dos melhores Doutores que já existiram na série. Nardole é esquisito, infantil, covarde e corajoso na medida certa e Matt Lucas tem aqui muito espaço para trabalhar uma parceria admirável cheia de química com o Doutor.

 

 

Mas é em Justin Chatwin e Charity Wakefield que estão os maiores problemas desse episódio. Justin nos entrega um herói clássico demais e com muita canastrice e Charity que interpreta Lucy (uma pseudo-Lois Lane) não possui profundidade e nem carisma para o papel de interesse romântico de Grant e dá para se ver claramente que a falta de química dela com Chatwin atrapalha o desenvolvimento da aventura.

Agora falaremos de alguns detalhes técnicos, com mais uma direção de fotografia exemplar e mais envolvida em criar um visual esperançoso e escapista de quadrinhos do Superman e de histórias natalinas, nós percebemos que aos poucos as aventuras de Capaldi estão abandonando o tom sombrio ao mesmo tempo que o próprio personagem está se tornando mais leve e menos amargo.

 

 

A direção de arte e figurino também estão bem adequadas ao tom do episódio brincando com esse conceito cômico de super-herói em uma fantasia espalhafatosa e ridícula de Grant, quanto ao resto está bem comum e dialoga um pouco com a data festiva de natal.

E não podíamos deixar de falar da trilha sonora trabalhada aqui em dois tons diferentes; os temas de Capaldi e da série e outros novos contextualizando com o estilo superheróico cômico da história. Murray Gold continua aqui a mostra sua bela técnica em transmitir o tom e a emoção certa para a história.

Steven Moffat, entre altos e baixos encerra um episódio divertido que mata a saudade desse belo universo e desse incrível personagem, mas bate uma sensação de que poderia ser melhor, afinal os fãs esperaram por um ano para tal retorno, mas nos deixou extremamente esperançosos ao final, quando fomos presenteados com a chamada da próxima temporada, que introduzirá uma nova companheira, Bill, interpretada por Pearl Mackie e juntos nos trarão mais aventuras no tempo e espaço.

A décima temporada de Doctor Who estreia em 2017, ainda sem uma data certa. No Brasil, a nona temporada de está sendo exibida pelo canal pago Syfy, às sextas-feiras, 21h, com exibição em áudio original logo em seguida às 22h. A série também é transmitida pela TV Cultura de segunda a sexta às 20h.

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
9
Atuações
7
Direção de Fotografia
8
Direção de Arte
7
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.