[Crítica] Foxcatcher | Foxcatcher: A história que chocou o mundo

Channing Tatum, Mark Ruffalo e Steve Carrel compõe o tripé dramatúrgico de “Foxcatcher”, e ao passo da direção de Bennet Miller entregam performance extremamente convincentes de personagens demasiadamente complexos. A dinâmica entre os três personagens está em perfeita sincronia e é nesse aspecto que “Foxcatcher” consegue se sobressair.

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“Foxcatcher – A história que chocou o mundo” é inspirado em uma história real e mostra a trajetória de Mark Schultz (Channing Tatum), americano campeão olímpico de luta Greco-romana que é convidado a integrar a equipe de luta do milionário John du Pont (Steve Carrel).  Ao lado de Du Pont ele se engrandece para decair e só depois descobrir o que esse envolvimento causou em si e em seu irmão Dave (Mark Ruffalo).

O subtítulo (desnecessário) incluído pela distribuidora brasileira vem sendo muito criticado pois atribui algo mais, algo que talvez não seja a proposta central do enredo, o que pode acabar decepcionando os mais desavisados. “Foxcatcher” não sobre uma história que chocou o mundo, o filme é sobre as relações entres os três protagonistas e o que pequenas decisões podem causar.

A direção de Bennet Miller é extremamente competente, juntamente com a trilha sonora minimalista ele consegue exaltar algumas cenas que poderiam passar despercebidas, ele faz muito uso do silêncio narrativo com algumas notas de piano tocando ao fundo, enquanto vemos os três personagens protagonistas em uma guerra e olhares e expressões raivosas. A fotografia acinzentada dá um ar mórbido ao visual que acompanha principalmente a relação entre Mark e Du Pont.

O personagem de Mark Ruffalo é o menos complexo entre os três, ele é um típico pai de família, amado pela esposa, filhos e pelo irmão, tudo isso se justifica no final do filme, onde entendemos porque ele foi retratado dessa forma. Ruffalo está muito bem, este talvez tenha sido um dos melhores trabalhos que já o vi realizar, porém o show fica por conta de Taum e Carrel.

Channing Tatum – pra mim – ainda era um ator de filmes adolescentes e ação, nunca testemunhei uma oportunidade do ator de mostrar serviço, em “Foxcatcher” ele interpreta um lutador ambicioso, porém facilmente influenciável e imaturo, parece estar sempre em posição de luta, pronto pra atacar qualquer um que ameace seus planos. A postura e expressões faciais de Tatum estão incríveis, ele convence facilmente o público de que ali está um lutador determinado a fazer o que for preciso para ser o melhor do mundo.

Todo mundo adora quando um ator de comédia consegue se sair bem em um papel dramático, com Steve Carrel não foi diferente, seu personagem é enigmático, dominador e ao mesmo tempo parece uma criança perdida, tem um ar perigoso e misterioso que passa muita tensão através de suas falas. Fica difícil separar até onde esta sua atuação e onde começa o papel da excelente maquiagem que construiu aquele rosto, mas mesmo sabendo que aquilo não é só Carrel é difícil não se impressionar com o que o ator entregou.

“Foxcatcher” não é um grande filme, tem um primeiro ato preguiçoso e quase sem propósito, ganha ritmo aos poucos, mas ainda sim se mantém lento até os últimos minutos e ao contrário do que o subtítulo deixa entender, não é sobre uma historia que chocou o mundo, é sobre três homens complexos, cada um com seus interesses e problemas que tentam passar pela vida e serem lembrados. Apesar do roteiro mediano, a excelente direção de Bennet Miller que consegue arrancar atuações esplendorosas de seus três protagonistas fazem de “Foxcatcher” uma experiência válida.