Começaremos os especiais sobre o homenageado do mês, “A Guerra dos Mundos”, analisando a clássica adaptação de 1953 que foi responsável por revolucionar os efeitos especiais, ganhando vários prêmios no ano de seu lançamento, além de ter inserido elementos de narrativa de invasões alienígenas e filmes sobre catástrofes que anos depois se tornariam clichês dos gêneros.

Na trama, os cientistas Clayton Forrester (Gene Barry) e Sylvia Van Buren (Ann Robinson) fazem parte do primeiro grupo a chegar no local da queda de um meteorito, após isso não demora muito para aparecer uma máquina alienígena que surge matando os humanos fazendo com que o exército tenha de intervir gerando uma grande e desproporcional batalhas dos humanos contra os seres de outro planeta, no meio desse caos Clayton e Sylvia devem lutar com todas suas forças para sobreviver.

O roteiro apesar de alguns erros é um dos pontos fortes, afinal é bem estruturado em seus dois primeiros atos, e com pouquíssimo ele nos transporta para o ambiente sinistro do ataque, com um equilíbrio muito interessante de destruição e suspense no decorrer da história. Há um cuidado especial aqui em quando e como nos mostrar os elementos de ficção científica, brincando com as expectativas e dando cada vez mais empolgação, comprimindo os conceitos e as passagens do livro na medida do possível, oferecendo ao público um show com a batalha e desespero causados pela chegada do meteorito.

Entretanto falha nas motivações de seus personagens que são bastante rasos e, não possuem grande desenvolvimento ou qualquer nível de evolução, cabe a eles apenas serem os heróis carismáticos e darem explicações sobre ideias dos livros que são verbalizadas em falas no enredo. Outro grande deslize está no terceiro ato que além de ser um tanto apressado, ele nos entrega uma mensagem religiosa muito forçada que não faz jus ao resto da produção.

Quanto a parte técnica da direção de fotografia é preciso elogiar a equipe do filme, eles se especializam muito do visual apresentado da melhor forma a chocar e encantar a todos, devido a isso, usa-se vários takes de planos abertos que nos dão a escala da destruição e do desespero em meio aos alienígenas em planos mais fechados privilegiando as atuações em determinados momentos.

Agora falemos de seu elenco formado por nomes como Gene Barry, Ann Robinson, Les Tremayne, Robert Cornthwaite, Sir Cedric Hardwicke, entre vários outros. Diferente dos outros âmbitos já comentados, há certos problemas em seu casting que podem dificultar em um ou outro momento do entretenimento.

Sir Cedric Hardwicke faz uma imponente participação como narrador da trama que, com uma voz forte dá o tom adequado para a introdução e conclusão da invasão alienígena. A história foca-se mais nos personagens de Barry e Robinson, ambos trazem uma química instantânea para o filme, no entanto a atuação de Ann Robinson como Sylvia Van Buren é problemática e por diversas vezes não nos passa o terror adequada para sua personagem, o mesmo não pode ser dito por Gene Barry como Clayton Forrester, ele praticamente carrega o filme em suas costas ao conceder ao protagonista a presença e heroísmo adequado para a trama em um personagem seguro de si que ainda tenta a todo custo compreender a confusão ao seu redor sem jamais transparecer que não sente medo de tudo que está ocorrendo.

Já o resto do elenco é composto por muitas atuações rasas e sem presença e profundidade adequada, nos dando caricaturas do comportamento de oficiais do exército e de pessoas comuns, claro que o roteiro não os desenvolve de forma adequada, mas ainda assim teria sido possível trazer certa credibilidade para tais personagens.

Precisamos comentar também sobre os grandes efeitos especiais e a direção de arte que, quase nos fazem crer que o filme é de outra década, tamanho o avanço que foi dado na produção, dando vida às formas dos aliens e elaborando as naves do livro, ainda que sigam referências distantes do design da obra, foram feitas escolhas bem interessante e coesas para sua época e que ainda conseguem fugir de diversos clichês do ano de lançamento.

Para finalizar falemos da direção, que é boa, segura e visionária em equilibrar a escala adequada de terror e ação, ajudando a definir o formato de filme-catástrofe que seria replicado por décadas no cinema futuramente.

“A Guerra dos Mundos” de 1953 falha no desenvolvimento de seus personagens e conta com problemas em seu terceiro ato, mas ele se garante como um marco na história do cinema com uma boa estrutura de história ágil em seus dois primeiros atos, grandiosidade em enquadramentos e em efeitos, além de cenas de muita tensão com um protagonista imponente.

REVER GERAL
Roteiro
8
Direção
8
Atuações
7
Direção de Fotografia
9
Direção de Arte
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.