Dando continuidade aos especiais relacionado ao homenageado do mês na Cine Mundo iremos falar agora da obra literária que originou tudo isso, “A Guerra dos Mundo” de H. G. Wells.

H. G. Wells é um dos nomes mais influentes na ficção científica, seu nome figura em diversas listas ao lado de Philip K. Dick, Issac Asimov e Arthur C. Clarke, e isso não é por acaso, ele conseguiu questionar a humanidade e teorizar sobre o futuro em muitas obras, mas aquela que está acima de todas e pode ser considerada seu maior trabalho é sem duvidas, “A Guerra dos Mundos”.

A trama do livro se divide-se em dois arcos denominados Livro I e Livro II com os títulos “A Chegada dos Marcianos” e “A Terra sob o Domínio dos Marcianos” e ocorre no começo dos anos 20, em uma região próxima de Londres. Ali o protagonista e narrador presenciam a chegada de marcianos no planeta que vem com tripés biomecânicos gigantes e raios laser mortais aterrorizando os humanos, e é a partir daí que uma jornada pela sobrevivência tem início.

Hoje pode parecer à primeira vista, algo que já vimos diversas vezes em filmes, livros e séries, mas não devemos esquecer que esse foi o pioneiro no gênero, estabelecendo ideias e formatos para histórias envolvendo catástrofes e invasões alienígenas.

Dito isso, podemos desconstruir um pouco seus elementos mais marcantes, e um dos fatos mais interessantes está na forma como é narrado, pois em nenhum momento acompanhamos um protagonista sem nome durante a sua saga para reencontrar sua esposa em meio ao caos proporcionado pelos invasores. Tudo isso nos é contado com relatos pessoais do narrador, o que nos ambienta muito bem como companheiros dele, indo de cidade em cidade, sobrevivendo a ataques e descobrindo o lado obscuro dos seres humanos. Além disso por diversas vezes o escritor sai um pouco da ótica da aventura para usar uma certa metalinguagem ao falar com o leitor e desferir críticas severas aos atos humanos e teorizando certos eventos relacionados aos marcianos, é graças a momentos como esses que o livro conquista seu leitor.

Mas a narrativa não é seu único grande feito, afinal ele ainda consegue ser extremamente detalhista ao falar das cidades e locais relacionados a Inglaterra nos dando a sensação de estarmos lá e também faz isso sem transformar tudo em uma leitura maçante e cansativa, claro que pensando nos dias de hoje é um absurdo ele se fechar no território inglês e esquecer do resto do mundo, mas graças aos inúmeros detalhes e ao fato de oferecer mais realismo e uma experiência íntima, podemos assumir como um erro que pode ser perdoado.

Seus detalhes não se prendem só em nos ambientar fisicamente nas cidades, como também influenciam no medo e horror causado pelos alienígenas em grandes sequências de destruição e suspense que são sempre pontuais na trama, nos trazendo sensações que aos poucos nos empolgam e divertem conforma a história prossegue.

“A Guerra dos Mundos” é uma obra que envelheceu bem e apesar de décadas nos separar, ele se mantém atual, intenso e original, mesmo após anos de inúmeras outras obras que se inspiraram ou plagiaram Wells. Não há um arco a se desenvolver em seus personagens aqui, que em muitas vezes são breves e rasos, mas isso não é nem um pouco necessário, afinal o intuito é nos mergulharmos como companheiros do narrador na sua jornada onde entre um ataque e outro, a humanidade é criticada e repensada.

  • Título original: THE WAR OF THE WORLDS

  • Autor: H. G. Wells

  • Gênero: Ficção Científica

  • Páginas: 312

  • Acabamento: Capa dura

  • Lançamento: 27/05/2016

  • Selo: Suma de Letras

 

REVER GERAL
Nota
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.