Para dar início aos especiais do homenageado do mês de abril vamos falar sobre  a primeira vez que levaram Tomb Raider para as telonas em Lara Croft: Tomb Raider.

Lara Croft (Angelina Jolie) é filha de um célebre arqueólogo que desapareceu em 15 de maio de 1985, ela foi criada na aristocracia britânica e um dia descobre, na mansão de sua família, um compartimento secreto que a faz encontrar um relógio que é a chave para rastrear os dois pedaços do Triângulo da Luz. Se esses dois pedaços se unirem na hora do realinhamento, dará ao seu dono o poder para controlar e destruir o planeta.

Crítica: Lara Croft: Tomb Raider

O roteiro é básico e genérico, do tipo que já vimos em diversas produções que se inspiraram ou até plagiaram Indiana Jones, ou seja, temos um artefato místico que pode causar a destruição do mundo e Lara Croft tem que mergulhar em uma aventura para impedir que uma perigosa sociedade secreta encontre esse objeto antes dela.

Boa parte dos elementos da personagem são empurrados de qualquer jeito, motivações da organização, a relação emocional com seu pai, tudo isso é mostrado de forma burocrática e sem um grande envolvimento. Há ainda certas coisas que não parecem casar com o conceito geral do filme (o que são aqueles robôs?), mas é perceptível que o foco principal não era a história, mas sim em mostrar Jolie desfilando pelo filme de shorts e roupas justas enquanto atirava e lutava contra tudo e todos, claramente se apoiando muito mais em referenciar o game com uma dose exagerada de fanservice que deve ter agradado uma parcela dos fãs.

A direção de fotografia traz um forte e caricato filtro de sépia e muitas sombras, além de um excessivo tom alaranjado e cenas com pouca iluminação, um estilo padrão mas que até funciona para um filme de ação. Recheado de efeitos práticos e com uma câmera que explora todo o cenário, podemos dizer que as sequências são bem-feitas e, de um modo geral, conseguem empolgar.

Outro lado técnico com uma boa qualidade é a sua direção de arte, que usa vários figurinos padrões em relação ao tema de caçadores de tesouros e sociedades secretas, mas todos são bem funcionais, sendo que o maior destaque está nas roupas usadas por Lara Croft, que podem não fazer muito sentido se pensarmos no ambiente, mas são fiéis aos games da franquia. Quanto aos cenários, tivemos belas construções dotadas de realismo e detalhes que nos ajudam a mergulhar nesse universo.

Angelina Jolie, visualmente, era a melhor escolha para viver Lara Croft, afinal a sua estatura e perfil se encaixam muito bem com o conceito original da personagem, mas além disso, a atriz também consegue trabalhar bem com as coreografias e transparecer um status de heroína de ação. No entanto, infelizmente, as qualidades terminam por aí, pois a sua atuação é fraca, sem carisma e além de não possuir uma personalidade marcante como deveria, ela insiste em sensualizar a cada cena. Muitas vezes, Jolie ainda parece tentar imitar o jeito canastrão e sarcástico que Harrison Ford colocou em seu Indiana Jones, além de contar com um sotaque britânico forçado é vergonhoso.

Crítica: Lara Croft: Tomb Raider

Jon Voight é um ótimo ator e consegue trazer um ar enigmático e sábio nas cenas em que mostram sua relação com a filha Lara, contudo, o roteiro não aprofunda seu personagem e insiste em diverso diálogos repetitivos para reforçar o elo paterno com a protagonista.

Iain Glen hoje é conhecido pela série Game of Thrones, mas aqui viveu é o vilão caricato e comum que não impõe perigo nem ameaça como deveria fazer ao interpretar Manfred Powell.

Simon West dirige de maneira confusa, focando totalmente no corpo de Lara Croft e nas sequências de ação, deixando muitos erros passarem despercebidos e falhando em dar o ritmo adequado ao filme, tornando-o muito cansativo e sem a diversão que prometia oferecer ao público com essa grande aventura.

A trilha sonora é outro detalhe intrigante, pois sabe-se lá o motivo, mas quase todo o filme usa sons típicos de Mortal Kombat que não funcionam em nenhum momento.

Lara Croft: Tomb Raider não falha como adaptação, afinal tem uma base próxima da franquia de games, entretanto, além de não saber nos apresentar devidamente o rico universo da caçadora de tesouros, ainda é cheio de exageros no roteiro que não cabem na trama proposta, carecendo de ritmo e com um protagonista fraca que deixa o longa intragável e nem um pouco divertido.


Trailer:

REVER GERAL
Roteiro
3
Direção
3
Atuações
4
Direção de Arte
5
Direção de Fotografia
5
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.