[Crítica] Lucy, de Luc Besson

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Lucy é a protagonista interpretada por Scarlett Johansson que é raptada por um grupo de mafiosos e tem uma droga poderosa colocada em seu corpo, a premissa cientifica da projeção defende que os humanos só usam 10% da capacidade total do cérebro – hipótese já descartada pelos cientistas – e Lucy, a partir dessa droga será capaz de expandir sua capacidade cerebral até alcançar 100%.

Tudo isso se desenvolve rapidamente logo na primeira meia hora de filme, o que sugere que o desenvolvimento da narrativa enquanto história não é um grande preocupação de comparada a importância dada às cenas de ação, o que eu considero um problema, pois o filme é autoexplicativo demais, as sequencias são intercaladas entre Lucy fazendo algo e o personagem do Morgan Freeman dado uma aula em uma Universidade sobre o assunto, ele atua de forma exatamente igual a tantos outros personagens que já encarnou e sua função no filme é simplesmente a de explica-lo para quem não consegue compreendê-lo sem esse artifício. Alguns espectadores – como eu – poderão achar aquilo redundante.

Scarlett Johansson entrega uma boa performance dentro do proposto, de inicio Lucy se mostra uma mulher frágil e amedrontada para contrastar com a máquina poderosa que iria se tornar posteriormente, entretanto essa transição foi mal executada e apressada demais, logo quando a droga começa a fazer efeito a personagem se transforma numa máquina assassina que mata as pessoas sem um pingo de remorso e em algum tempo depois liga para sua mãe emocionada falando sobre sua infância, para depois voltar a ser um quase um robô novamente.

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A interação entre Lucy e o policial – assim como o personagem de Freeman – foi extremamente mal desenvolvida e completamente desnecessária, em determinado momento ele sente-se inútil e diz que ela não precisa dele para pegar as drogas que estão em posse do grupo criminoso, ela diz que precisa sim da presença dele por perto, ele pergunta o por que, Lucy o beija e diz “como um lembrete”, sugerindo um interesse romântico dela por ele que funcionaria como sustentação de sua “humanidade” suprimida pelos poderes cognitivos ampliados, o problema é que isso não faz o menor sentido já que seus contatos prévios com o policial não tiveram o mínimo de espaço dentro do enredo, não houve nenhum diálogo entre os dois que pudesse aproximá-los a fim de fazer o espectador acreditar que um interesse romântico seria possível naquela relação.

Aliás, os diálogos colocados no filme tem a principal finalidade de explica-lo, e não de estabelecer relações ou desenvolver personagens. Há uma cena que mostra Lucy observando as pessoas, um breve ensaio de uma abordagem mais existencialista dentro de toda aquela confusão de perseguições e tiros, mas para por aí, não vi em outros momentos – ao menos não de forma bem sucedida – a inserção de questionamentos filosóficos no filme, o que eu acho que poderia substituir os diálogos exageradamente explicativos.

Enfim, Lucy é um filme genuinamente de ação, as cenas construídas por essa vertente não deixam a desejar, todavia é completamente esquecível e fabricado minunciosamente para ganhar dinheiro com uma proposta superficialmente cientifica e breves lampejos filosóficos mal executados sobre a existência humana e sua capacidade de evoluir que na verdade funcionam apenas como pretexto para vermos “cenas de ação”. Em poucas palavras eu diria que esse filme é levemente divertido e presunçoso demais.