Crítica: Viúva Negra

Viúva Negra é uma heroína da Marvel Studios que há anos os fãs esperaram por um filme solo, agora após o fim da Saga do Infinito ela enfim pode ter sua própria história para ser contada em um projeto que explora suas origens e motivações, além de dar abertura para uma mitologia que pode ser ainda mais aprofundada no futuro.

Na trama, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), também conhecida como Viúva Negra, confronta as partes mais sombrias de seu livro quando surge uma perigosa conspiração ligada ao seu passado.

Perseguida por uma força que não irá parar em nada para derrubá-la, Natasha deve lidar com sua história como espiã e os relacionamentos quebrados deixados em seu rastro muito antes de se tornar uma Vingadora.

O filme se situa no período logo após Capitão América: Guerra Civil e um pouco antes de Vingadores: Guerra Infinita, aqui vemos Natasha em um momento de dúvidas sobre seus próximos passos e com ainda lembranças fortes de tudo que ela viveu como uma assassina, nesse ponto ela acaba cruzando seu caminho com Yelena (Florence Pugh) sua antiga irmã de criação.

O roteiro segue com uma boa dinâmica de humor e ação entre as duas se reconectando como irmãs, aos poucos elas tentam entender o que podem fazer para salvar outras garotas presas no projeto da Sala Vermelha, o ritmo do filme permite com que a trama explore uma abordagem Missão Impossível de frenesi da ação enquanto mantém um timing de humor impecável, fora isso temos ainda pausas e momentos sóbrios o suficiente para tornarem a história com um peso maior.

Nesse ponto há erros e acertos na condução de Cate Shortland, a direção trabalha muito bem tudo à respeito da relação das irmãs, o remorso e um certo carinho e companheirismo entre elas, mas no que diz respeito a ação é tudo funcional mas pode soar um tanto formulaico por emular as técnicas dos Irmãos Russo nos filmes do Capitão América com até mesmo um vilão semelhante com Taskmaster, personagem que tem presença de perigo mas tirando seu plot twist no final não é marcante.

Talvez a exceção seja com as coreografias e lutas corporais que são um dos ápices do filme que trabalham bem com os movimentos e lidando com um cenário envolta das personagens como no primeiro combate entre Natasha e Yelena, porém o mesmo não pra falar do CGI que ao lidar com cenários megalomaníacos no terceiro ato da trama se torna visível a tela verde de efeitos especiais.

A trama, contudo sofre alguns problemas quando traz a adição de David Harbour como o pai Alexei Shostakov / Guardião Vermelho e Rachel Weisz como Melina Vostokoff, ambos trazem momentos bons de drama com todo o comentário sobre famílias falsas de agentes russos infiltradas nos EUA no passado, mas também gera alguns problemas de ritmo para a conclusão.

Os personagens acabam por ficar às vezes deslocados em relação a dupla de Yelena e Natasha, apesar de serem personagens interessantes para a franquia com todo um clima agradável nessa família ( O MCU precisa explorar mais a ótica de famílias em mundos de super-heróis assim como Homem-Formiga e WandaVision), fora isso Weisz parece às vezes estar no automático e Harbour tem humor e carisma adequados, mas em vários pontos destoa do filme e atrapalha algumas situações.

As atuações mais fortes são de Scarlett Johansson e Florence Pugh, Scarlett traz uma versão interessante da heroína equilibrando boa presença e um desejo por ajudar outras garotas como ela, há um certo peso em seus atos e na atuação contida da atriz que dão um tom interessante para sua jornada.

Mas Florence Pugh é quem deve conquistar todos, o sarcasmo dela em satirizar elementos da Marvel e uma empolgação e desejo por descoberta pelo mundo a tornam incrivelmente carismática, além de ter sempre um lado fechado e sombrio a respeito de sua vida.

Porém se tem algo que deve tornar esse filme memoráveis são as metáforas de exploração sexual e abuso de grandes executivos poderosos, algo que ajuda a aumentar a importância da heroína e torna o filme ainda mais sóbrio, algo que casa com a abertura estilo documentário e faz com que a produção seja mais fechada em seus temas.

Viúva Negra é um filme da Marvel que às vezes consegue sair do padrão e dar um charme próprio com reflexão sobre temas e uma química interessante de tons de comédia, espionagem e ação, mas em outros momentos cai em problemas e parece muito um filme que incorpora muitos elementos em pouco tempo (quase como se tentasse compensar a falta de filmes solo dela ao longo das três fases do MCU).

Porém, ele se sobressai por contar uma história contida que honra a personagem e dá muitas possibilidades para o futuro com personagens a serem lapidados e melhorados com o tempo, principalmente com a cena pós-creditos que abre certos caminhos em cruzar séries com filmes.