“Me Chame Pelo Seu Nome” é baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo americano, André Aciman. O filme chegou prometendo arrebatar o coração de muita gente com a sua história romântica que fez um enorme sucesso em diversos festivais ao redor do mundo.
A história apresenta uma família que vive em uma cidade no interior da Itália e no decorrer das férias de verão, o jovem rapaz, Elio (Timothée Chalamet), acaba se apaixonando pelo amigo de seu pai, Oliver (Armie Hammer). Ao longo das semanas a relação dos dois se intensifica e alguns problemas acabam dificultando esse romance.
O grande mérito do filme não está na premissa romântica, que como explicada acima, é bastante simples. O charme está na forma como a história é contada. Diferente de muitas comédias românticas que criam uma situação inusitada e brincam com a ideia de amor à primeira vista, ou outros romances dramáticos, que focam mais nas dificuldades do casal em prevalecerem juntos do que nas pequenas situações que os fizeram se apaixonar um pelo outro. “Me Chame Pelo Seu Nome”, foca justamente nos momentos sutis, onde Elio e Oliver se conhecem e de pouco em pouco vão se aproximando.
As camadas que antecedem a paixão são exploradas minuciosamente, acompanhadas de uma trilha sonora riquíssima que diáloga diretamente com a ambientação quente e romântica da história, sendo que, por alguns momentos, o filme toma moldes de um verdadeiro conto de fadas.
O elenco é excelente, sem exceções. Todos estão muito confortáveis em seus personagens e guiados por uma direção decidida e inteligente. Para quem está acostumado a prestigiar atuações espalhafatosas de grandes momentos dramáticos, pode se surpreender aqui, pois é através da sutileza e dos pequenos olhares que Luca Guadagnino extrai o melhor de seus atores. São gestos delicados e atitudes pequenas que acabam dizendo muito mais que um monólogo longo.
Armie Hammer e Timothée Chalamet estão excelentes e conseguem construir uma relação que começa com desavenças, avança para admiração e alcança o tão puro amor. Michael Stuhlbarg que vive o pai de Elio pode ter poucos momentos no filme, mas há uma grande cena na qual o ator transborda sensibilidade e talento.
A direção de arte é muito bem estudada e leva o publico até uma completa imersão por conta de sua ambientação. Em alguns momentos nós praticamente nos esquecemos que estamos em uma sala de cinema com ar-condicionado e acreditamos estar em um ambiente interiorano e extremamente quente. Os objetos que compõem as cenas também são essenciais e vão muito além de escolhas estéticas. Um simples relógio, pode tomar conta da tela, assim como uma camiseta simbólica.
A fotografia é recheada de planos contemplativos que podem, facilmente, tornarem o filme cansativo para os cinéfilos menos atenciosos. Movimentos de câmera discretos e planos detalhes em objetos, aparentemente irrelevantes, são frequentemente vistos aqui, no entanto, são todos dotados de simbolismo e conceitos criados para o próprio universo do filme.
Além de uma belíssima produção cinematográfica, “Me Chame Pelo Seu Nome” é também um filme que carrega uma importante mensagem, não através de uma bandeira política ou crítica social. Dessa vez, o simples fato de apresentarem uma história focada em um casal bissexual, que jamais são resumidos por suas respectivas orientações sexuais, faz dessa história um grande progresso.
Por fim, “Me Chame Pelo Seu Nome” pode não chegar a levar o Oscar de Melhor Filme, já que a concorrência é grande e conta com outros ótimos filmes, mas ainda assim, é uma história bonita e muitíssimo bem contada que merece ser assistida e contemplada por todos os amantes da sétima arte.