Crítica: Pacificador (1ª Temporada)

A temporada de Pacificador chegou ao fim e trouxe uma produção surpreendente criada por James Gunn que juntou comédia, ação e filmes B para contar uma história emocional sobre um homem lutando contra as raizes da masculinidade tóxica típicos da ideologia dos EUA (mas que também é possível se identificar devido à forma como certos comportamentos se proliferaram no mundo hoje em dia).

Na trama da série, temoso Pacificador vivido por John Cena sendo convocado por uma força tarefa improvisada do governo, sem o consentimento de Amanda Waller (Viola Davis), para tentar impedir uma ameaça que coloca em risco a vida de muitos. 

Além de seus deveres patrióticos, o Pacificador também precisará resolver sua relação com seu pai (Robert Patrick), um homem extremamente frio e desonesto.

O time de Waller, composto por John (Steve Agee), Leota (Danielle Brooks) e Emilia (Jennifer Holland), auxilia o Peacemaker a tomar as decisões corretas enquanto usa inteligência governamental para tentar salvar os cidadões americanos. 

Peacemaker também recebe a ajuda do Vigilante (Freddie Stroma), um anti-herói impulsivo e carismático que passa a se tornar seu companheiro dentro de toda a operação.

A série possui oito episódios, todos escritos por Gunn que ainda dirige cinco episódios no total com sua personalidade estando em praticamente toda a temporada, ou seja seu humor negro, a visão sobre personagens ridículos de quadrinhos e um olhar para improváveis heróis se encontra aqui ao lado de uma trilha marcante com clássicos de Rock dos anos 70.

O texto é simples, porém muito afiado nas suas ideias ao colocar dentro de uma produção blockbuster tantas críticas aos EUA e toda essa cultura de ignorância e ódio dentro do subtexto da origem de Smith, por mais que ele se veja como um herói, ele nunca foi realmente um de fato.

Muito desse debate é visto tanto pela exploração das origens de Pacificador e sua relação com seu pai, mas também vemos através dos diálogos com Leota que expõe seus problemas e as falhas da forma como ele enxerga o mundo e sobre como sua idelogia é perigosa.

Isso acontece paralelo à toda essa missão governamental, Pacificador aos poucos entende melhor sua criação e o que ele deveria mudar nele mesmo, assim a busca por redenção está mais uma vez acontecendo com uma obra de Gunn só que dessa vez apoiado em bases no mundo real.

No elenco tivemos um bom apoio para Cena como Danielle Brooks e Freddie Stroma que deve se tornar um dos personagens favoritos do público, mas também é preciso elogiar Robert Patrick que consegue trazer uma performance perfeita de um ser humano detestável.

Mas quem brilha nisso tudo é John Cena, a série surgiu muito por causa do potencial dramático que o astro apresentou em um momento de O Esquadrão Suicida, há momentos que conseguimos compreender e nos emocionar com o trabalho do ator que vive em contradição com o próprios ideais distorcidos.

Quanto à produção é interessante ver que a série é muito bem sucedida sendo que usa orçamento limitado, em comparação ao longa que buscava trazer um espetáculo ao público, o Gunn dessa série se aproxima mais de como era o diretor em seu singelo e criativo Super de 2010, aqui com uma produção de comédia e ação que brinca com filmes trash e com um personagem tragicômico, mas não se perde em megalomanias ou em clichês de super-heróis.

O diretor dentro de cenários mais fechados tem momentos para brilhar seja em um episódio que evoca filmes de zumbis ou em outros que usa bem cenários limitados ao redor para criar brigas feias, cômicas e brutais, o que por si só é algo ótimo para ele em sua carreira.

Muitos diretores se acostumam com grandes orçamentos de blockbusters e se perdem, mas Gunn conseguiu mostrar que ainda é capaz de entregar uma produção simples como todas as suas características com o bjetivo claro de contar uma boa históriqa sobre esse personagem e entregar um entretenimento honesto ao seu público.

Muitos dos projetosa atuais de heróis falham muito por quererem serem mais do que são de verdade, tropeçam por ganância de tentarem muito construir sagas e universos e não se focarem ao básico que é de entregar um história envolvente e divertida.

Hoje em nosso mundo atual de entretenimento precisamos mais do que nunca de séries como Pacificador, uma produção que possamos nos divertir e nos conectar com a redenção de um babaca, às vezes a boa e velha narrativa sobre segundas chances pode ser mais poderosa do que muitos pensam, afinal algumas atitudes vindo de personagens inesperados podem ser muito mais impactantes do que universos sendo criados.

Obs: A participação especial no finale é impagável e ter James Gunn na DC pode ainda render muito futuramente.