Crítica: Uma Noite de Crime – A Fronteira

O melhor filme da franquia “Uma Noite de Crime”.

Tudo começou em 2013, Uma Noite de Crime ambientado na residência de uma família rica em que são alvos de expurgo, no segundo filme com o orçamento um pouco maior devido ao sucesso do primeiro filme, foi intitulado para Uma Noite de Crime 2: Anarquia (2014) em que cinco desconhecidos se unem para sobreviver ao expurgo nas ruas, o terceiro filme Uma Noite Crime 3 (2016) entra no mérito político, e no quarto filme intitulado como A Primeira Noite de Crime como o próprio título sugere ele fala de como tudo começou e vocês sabiam que na Amazon Prime Video vocês podem encontrar duas temporadas da série com o mesmo modus operandi, com 10 episódios, então se você gosta da proposta, recomendo as séries!

Uma Noite de Crime: A Fronteira é o quinto filme da franquia de terror da Blumhouse, o fio condutor: É o sonho americano, ah! Quem não já sonhou em morar na América?

Pois bem, Ana (Ana de La Reguera) e seu marido Juan (Tenoch Huerta) deixam o México, para viver no Texas, onde Juan trabalha como ajudante de uma fazenda para família Tucker e Adela trabalha em um frigorífico, ambos aos poucos começam a construir a sua vida. Juan impressiona o patriarca da família Tucker, Caleb (Will Patton), mas isso alimenta um sentimento de raiva em seu filho, Dylan (Josh Lucas).

Eis que chega o momento do primeiro expurgo! Que soem as sirenes! É claro que a família Tucker fica no conforto de seu lar, e os imigrantes vão a um abrigo para passar as próximas 12 horas, tudo corre bem até certo ponto, pois na manhã seguinte o expurgo anual não termina e uma seita de saqueadores sem lei, organizada através das redes sociais segue matando, torturando e expurgando todo o seu ódio com a ideia de eliminar todos os imigrantes do país, eles decidem dominar a América por meio de uma campanha interminável de caos e massacre.

Mas, o que temos de diferente aqui? No quinto filme da franquia o tom foi mais assertivo, assim como nas séries, ao trazer uma crítica social é preciso se comprometer com ela, e os filmes não costumam conseguir se equilibrar entre a sua proposta e ação, e por mais que a ideia fosse boa, ela não parecia ser tão bem executada. A partir do roteiro do criador da franquia James DeMonaco apresentou tipos de preconceitos sobre as pessoas sem nem sequer conhecer sobre elas ou sobre a sua cultura, além do preconceito extremista aquele que não se tolera, não se aceita, o filme expõe claramente para o espectador que é possível ter pessoas que podem evoluir e mudar sua percepção e outras que não estão interessadas em enxergar nada além das suas ideias fixas na cabeça.

As gravações ambientada no Texas foram montadas na Califórnia, mas mesmo assim concedem um ar de sujeira, caos e desdém, causando um cenário caótico da proposta ficando uma fotografia mais alinhada à violência gráfica com esse ar de faroeste moderno ficou bem exercida- e dessa vez, temos a ideia com todo o conceito proposto pelo filme.

O elenco é um ponto alto no filme, a Adela consegue ser uma protagonista empoderada e carismática, o Juan tem uma ótima expressividade, e a jornada de Dylan apesar de ser um personagem desagradável, é interessante de se acompanhar, ele é um retrato de muitos que temos não apenas na América, mas em vários países. Ademais, o extremismo que começa na internet e vai às ruas e os manifestantes gritam todo seu ódio pelas diferenças, é o ser diferente que incomoda, são representações de como isso pode ser perigoso, o quanto é preciso ter líderes que exaltem a importância das diferenças, apliquem a empatia nos seus discursos e atos para não indiretamente causar o caos na sociedade.

O sonho de morar na América é interligado diretamente a possibilidade de novas oportunidades, e todas as viradas de chave que o filme apresenta diante disso, é muito relevante, se pudéssemos ter países igualitários, se as pessoas aceitassem as pessoas como elas são, independentes de cor, raça, gênero, cultura, nacionalidade, são muitos preconceitos instaurados e que precisam ser quebrados para que possamos idealizar que o lugar ideal pode ser qualquer lugar.

Uma Noite de Crime: A Fronteira é o melhor filme da franquia, pois consegue tocar nas feridas da sociedade cumprindo sua premissa e entregando de forma nua e crua o quanto pode ser imprudente incitar preconceitos, é preciso podar o nosso meio social e estar abertos a quebrar a xenofobia que existe inclusive aqui no Brasil, devemos expurgar de dentro de nós todo este ódio para aceitar as pessoas e suas diferenças.

 Paz!