Após uma aparição morna no especial de natal do último ano, esperava-se muito do retorno da série em Abril, entretanto Steven Moffat e Peter Capaldi conseguem o inimaginável ao iniciar a última temporada de ambos, reinventando e reapresentando todos os conceitos básicos da série e do personagem e de sua nova companheira, pois como se trata de uma temporada de despedida, eu fiquei aguardando que se mantivessem no mesmo estilo das temporadas anteriores, bem, sem mais delongas vamos as primeiras impressões da décima temporada de “Doctor Who”.
Na série Doutor é um Senhor do Tempo, um alienígena do planeta Gallifrey que viaja no tempo e no espaço em uma nave com formato de uma cabine telefônica dos anos 60, sempre pronto para se tornar um herói ajudando povos e planetas que enfrentam grandes perigos.
Assim como “The Bells of Saint John” da sétima temporada, “Eleventh Hour” da quinta, “Deep Breath” da oitava e “Rose” da primeira, “The Pilot” se trata de uma reapresentação, mas talvez essa seja a mais criativa, enquanto as outras não demoram a mergulhar na aventura frenética, Steven Moffat dá alguns passos a frente ao aprimorar sua narrativa aqui e fazer um controle entre informação e expectativa, lidando com enigmas intercalados com o humor non-sense e cínico do Doutor, que vai aos poucos flertando com ficção e aventura até alcançar seu clímax.
Bem vamos analisar o roteiro do episódio que é muito elaborado em três partes distintas que se completam em três narrativas que aos poucos se cruzam de forma suave e inteligente. Existe a narrativa de Bill conhecendo Doutor e se relacionando com Heather, existe a narrativa das forças alienígenas se espreitando ao redor dos humanos e também há uma terceira de Doutor e Nardole em uma investigação misteriosa, tudo isso ocorre em paralelo até se cruzarem em determinado momento fazendo a história ganhar muita intensidade e resultar em uma alteração brusca de gêneros de terror para aventura, ainda assim a trama nos leva a certos mistérios que não são resolvidos e devem ser aprofundados nos próximos episódios.
O episódio também traz uma direção primorosa que brincar com os gêneros de terror, sci-fi e aventura em perfeito equilíbrio, além de conseguir extrair o melhor de seus atores, elenco esse que aqui se mostra ótimo como sempre, com Peter Capaldi como Doutor e Matt Lucas como Nardole com uma química admirável e ambos cheios de carisma, mas quem acaba virando destaque no decorrer da história é Pearl Mackie como Bill, garota curiosa, atrapalhada e cheia de energia que trará um novo tipo de dinâmica para o Doutor nesse ano.
A trilha também merece ser comentada, que traz poucos tons da música tema de Capaldi e no resto da aventura tenta explorar novos sons que criam um novo tom para série que até contribuem para potencializar o terror e a ficção, o que acaba causando uma sensação de muita empolgação para os fãs da série.
Podemos concluir então, que em seu primeiro episódio da temporada Steven Moffat nos trouxe um dos melhores episódios da série até hoje, por saber misturar gêneros, apresentar personagens e conceitos, além de conseguir controlar nossas sensações com maestria.