A HBO sempre foi um canal que valorizou a ousadia e a criatividade de suas produções, seja com séries de comédia ou drama, o canal foca em nos trazer histórias nunca antes vistas e relevantes para a TV e o seu público. Agora, com a estreia de “Euphoria”, não foi diferente e o canal segue com o seu padrão consagrado.

Primeiramente é preciso ressaltar que essa obra é recomendada para adultos e por lidar com certos assuntos um tanto complexos e pesados acaba por ser dotada de “gatilhos” fortes, portanto não é aconselhável que se assista caso a pessoa sofra ou seja influenciada por esse tipo de conteúdo audiovisual.

Primeiras Impressões: Euphoria

Na trama acompanhamos a jornada de Rue (Zendaya), uma jovem de 17 anos que voltou da reabilitação e precisa lutar contra o vício em drogas e procurar uma forma de estabilizar sua vida enquanto enfrenta diversas dúvidas sobre sexualidade, trauma, amizade, amor e mídias sociais no convívio adolescente moderno.

A série foi criada e roteirizada por Sam Levinson que se dedica a explorar diversos elementos e conceitos sobre a adolescência nos dias atuais e já no seu primeiro episódio sabe pontuar temas pesados de importante debate atual como o vazamento de fotos íntimas, vício em drogas, sexo, baixa-autoestima e muito mais.

Ao elaborar esses diversos arcos e núcleos e nos apresentar personagens como Kat Hernandez (Barbie Ferreira), Nate Jacobs (Jacob Elordi), Rue (Zendaya), Jules Vaughn (Hunter Schafer), Maddy Perez (Alexa Demie), a produção deixa claro os pontos que serão desenvolvidos na temporada e mantém a trama coesa e ácida através da constante narração de Rue que complementa cada uma das situações adversas do episódio com comentários certeiros que dialogam com o público e direcionam mensagens e críticas para a sociedade.

No geral temos uma apresentação desses diversos personagens e suas personalidades típicas, contudo o destaque fica para a protagonista Zendaya que assume o foco principal da trama no papel de Rue. A condição de seu vício e a própria personalidade cheia de crítica e sarcasmo durante as narrações pontuais do episódio, mostram um ótimo trabalho da atriz, caminhando bem entre o drama e um humor ácido cheio de carisma que é muito bem desenvolvido no decorrer da estreia da série.

Há ainda uma abordagem bem curiosa de direção de arte e fotografia que possibilitam que a história ganhe ritmo e fluidez nos diálogos, além de inserir certa personalidade para a produção usando cenários diversos para compor a realidade social de cada um dos protagonistas da história juntamente de um figurino característico para cada um, o que permite que o público possa identificar bem o tom e perfil deles.

Primeiras Impressões: Euphoria

Quanto à direção de fotografia temos um belo trabalho de cores como “neon” e tons de amarelo, azul e rosa em determinadas situações do episódio, mas sempre optando por um bom controle desse visual que ao lado do contraste, iluminação neutra e os movimentos calmos e ágeis da câmera criam o tom pesado e ao mesmo tempo poético da narrativa sobre essa geração de jovens.

A direção também soube direcionar bem a introdução do programa, nos apresentando o mundo dos jovens com todas as suas desilusões, anseios e problemas modernos, mas de uma maneira muito mais estilizada e dinâmica do que o comum em produções do gênero.

“Euphoria” foi com certeza uma das melhores estreias da HBO e da TV no geral para 2019, caso consigam manter o nível do desenvolvimento dos personagens e a riqueza da narrativa existe potencial para ser uma das produções mais relevantes da história da TV.

REVER GERAL
Roteiro
9
Direção
10
Atuações
9
Direção de Arte
10
Direção de Fotografia
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.