A literatura é provavelmente uma das criações mais democráticas da humanidade, dando a qualquer pessoa com imaginação, a oportunidade de criar universos paralelos ao nosso. Muitos nomes saltam à mente de um leitor logo que começamos a falar de literatura. Todos nós temos gêneros dos quais nos identificamos e pelo menos um autor favorito. Se em sua lista pessoal não houver pelo menos o nome de uma grande autora então eu te aconselho a passar na sua livraria favorita e dar uma olhada melhor, pois a sensibilidade feminina é gritante em algumas obras. Várias escritoras deixaram e ainda deixam seu legado e seria necessário uma lista bem maior para reunir todas, mas o Cine Mundo te ajuda lembrando cinco damas da literatura que contribuíram com sua arte, desde a poesia ao romance.
5 – Mary Shelley
Poucas pessoas sabem, mas a história do monstro Frankenstein foi escrita por uma mulher. Mary nasceu em agosto de 1797 em Londres, Inglaterra. Filha de uma das primeiras escritoras feministas (Mary Wollstonecraft) e de um jornalista e também escritor, Mary cresceu com literatura no sangue. Aos dez anos ela escreveu seu primeiro poema e aos dezesseis fugiu com o poeta romântico Percy Bysshe Shelley para a França e depois pela Europa. Dois anos depois, em 1816 o casal retorna para Londres e se casam após o suicídio da esposa de Percy.
Mary Shelley, motivada pelo poeta e amigo Lord Byron, escreveu seu segundo romance, Frankenstein: ou o Prometeu moderno. Diz-se que a morte prematura de sua primeira filha serviu de inspiração para o enredo, que aborda a criação de uma vida artificial e as consequências da ciência experimental. Além de Frankenstein, Shelley escreveu outros romances, como Valperga e O último homem.
4 – Jane Austen
Considerada a primeira romancista moderna da literatura inglesa é claro que Jane Austen não poderia ficar de fora de nossa lista. Dona de uma percepção psicológica apurada e uma ironia sempre bem colocada, Jane Austen escreveu obras que abordam o homem simples e cotidiano, sem criar um universo fantástico e sim trazendo situações do dia-a-dia para as páginas. Austen fazia uma grande crítica ao comportamento humano, abordando maus comportamentos com um tom humorístico e demonstrando virtudes através do crescimento de suas personagens.
Nascida em 16 de dezembro de 1775 em Steventon, Reino Unido, Jane Austen viveu grande parte de sua vida no interior da Inglaterra e longe da emergente revolução industrial. Aos oito anos Jane e sua irmã e melhor amiga, Cassandra, foram morar em um internato. Aos dezessete anos publicou seu primeiro romance “ Lady Susan” e em 1797 tentou publicar sua obra mais famosa, “Orgulho e Preconceito”, mas o manuscrito foi recusado pelo editor. A publicação de “Orgulho e Preconceito” só veio acontecer dezesseis anos mais tarde, em 1813, sob o pseudônimo de “Uma Senhora”. Jane também foi responsável pelas obras “Razão e Sensibilidade”, “Mansfield Park”, “Emma” e “Persuasão”. Jane Austen deixou sua marca na história e até hoje conquista admiradores por sua escrita leve e sua sensibilidade feminina.
3 – Agatha Christie
O próximo nome da lista é a “Rainha do Crime”. Calma, não se trata de nenhuma serial killer, ainda estamos falando de literatura. Agatha Christie ganhou essa alcunha por se dedicar aos romances policiais. Agatha Mary Clarissa Miller nasceu em 15 de setembro de 1890 em Wallingford, Inglaterra. Filha de um americano e uma britânica, teve dois irmão, Madge e Monty. Apesar da educação formal que seus irmão tiveram Agatha estudou em casa, com tutores e professores particulares. Aos dezesseis anos passou a estudar em uma escola em Paris, onde já vivia desde 1896.
Em 1914 casou-se com o Coronel Archibald Christie, de quem herdou o sobrenome de casada. Enquanto o marido servia na Primeira Guerra Mundial Agatha trabalhou em uma farmácia. Em 1920 seu primeiro romance, ”O Misterioso Caso de Styles”, foi publicado , após ser rejeitado por seis editoras. Sua obra de maior sucesso veio em 1926, com a publicação de “O Assassinato de Roger Ackroyd” que vendeu 5.000 cópias. Agatha Christie gerou uma controvérsia na época da publicação do livro, após ficar desaparecida por onze dias. Até hoje não se sabe se esse evento foi para divulgar o livro ou se devido a um surto emocional da escritora ao descobrir um caso de infidelidade do marido.
“Assassinato no Expresso do Oriente”, “E Não Sobrou Nenhum” e “Morte no Nilo” são mais alguns trabalhos de Agatha, que chegou a escrever mais de oitenta livros, alguns sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Agatha se tornou a escritora mais bem sucedida da história, com maior número de obras vendidas. Sua narrativa envolvente e seus desfechos imprevisíveis se tornaram sua marca registrada.
2 – Rachel de Queiroz
Tem brasileira na lista, sim senhor. Dentre muitas pérolas escolhi Rachel de Queiroz, uma cearense arretada, responsável pelo romance nordestino. Nascida em 17 de novembro de 1910 em Fortaleza, Ceará. Rachel era descendente da família do romancista José de Alencar, por parte de sua mãe. Após uma breve passagem pelo Rio de Janeiro e por Belém do Pará ela retorna para Fortaleza. Em 1925 Rachel publica seu primeiro romance, “História de um Nome”, enquanto trabalhava como cronista e escritora de poemas para um jornal no Ceará.
Aos vinte anos publica o romance “O Quinze”, trabalho que retrata a luta do povo nordestino contra a seca. A partir desse trabalho é possível notar um caráter social em todas as obras que viriam a seguir. Rachel escreveu “Caminho das Pedras”, “As três Marias”, “Memorial de Maria Moura”, entre outras. Rachel também trabalhou como tradutora, inclusive sendo responsável pelas traduções de obras de Jane Austen e Agatha Christie. Essa adorável cearense colecionou prêmios durante sua vida e ocupou a quinta cadeira da Academia Brasileira em Letras entre agosto de 1977.
1 – J. K. Rowling
Essa escritora controversa não poderia faltar a lista, a mulher que hoje é idolatrada por milhões de fãs ao redor do mundo superou dificuldades para criar o fenômeno Harry Potter. Muitos críticos e personalidades da literatura afirmam que a saga Harry Potter não passe de um produto mercadológico, outros defendem as características literárias do universo criado por J. K. Rowling, essa é a primeira controvérsia gerada pelo trabalho da escritora. A segunda controvérsia são as acusações por líderes religiosos de que seus livros incitem a bruxaria e o satanismo. Apesar de atacarem a árvore, que agora dá mais frutos do que nunca, não há como não admitir que Rowling é um sucesso, não só pelos milhões que ganhou, mas por ter conseguido um feito ainda maior. Rowling deixou um legado ainda em vida, conquistando jovens e adultos e inspirando uma nova geração de autores.
Joanne Rowling Nasceu em 31 de julho de 1965 em Yate, Inglaterra. Ainda na sua infância ela escrevia contos e os lia para sua irmã Diane. Sua adolescência foi turbulenta pois ela não se dava bem com o pai, além de ter que cuidar da mãe doente. Rowling tentou a admissão na Universidade de Oxford, mas não foi aceita, então decidiu ir para a França e estudar na Universidade de Exter. Após se formar, Rowling trabalhou como secretária bilíngue e já começava a escrever sobre a história do menino que morava embaixo da escada. Em dezembro de 1990 sua mãe veio a falecer, o que abalou a escritora e inadvertidamente influenciou no clima do primeiro livro de Rowling.
Após a morte da mãe, Rowling se mudou para Portugal, onde dava aula de inglês e lá conheceu o homem que viria a ser seu marido, o jornalista Jorge Arantes. O casal teve uma filha, mas o relacionamento ficava a cada dia mais instável, culminando no divórcio dos dois. Pobre, desempregada e sofrendo de depressão Rowling e sua filha vão morar na Escócia. Rowling ia diariamente para bares ou cafés e escrevia os capítulos do seu primeiro manuscrito. Após várias recusas de editoras o primeiro livro de Rowling foi publicado pela Bloomsbury, embora Rowling tenha usado o pseudônimo J. K. Rowling para não afugentar os leitores mais céticos sobre a escrita feminina. Harry Potter se tornou um sucesso em pouco tempo depois, o que rendeu a fama e fortuna de sua autora. Hoje em dia Rowling atua em projetos filantrópicos como a Fundação Lumos, que ajuda crianças que vivem em orfanatos e no financiamento de pesquisas do tratamento e cura da esclerose múltipla, doença que levou sua mãe.
A história de Rowling é facilmente relacionável com a de qualquer pessoa real, com dificuldades. A escritora não se deixou abater, mirou na lua e acertou em toda uma nova galáxia. Um verdadeiro exemplo que seguir seus sonhos compensa e muito.