Após um ótimo início em “Meu Malvado Favorito” e uma sequência mediana em “Meu Malvado Favorito 2”, chegamos ao terceiro filme da franquia, apresentando um retorno às origens do primeiro longa e adicionando novos elementos a história, “Meu Malvado Favorito 3” consegue tirar o gosto amargo do segundo capítulo e colocar Gru, Agnes e os Minions de volta ao caminho certo com muito humor, ação megalomaníaca e mensagens bonitas sobre família ao brincar mais uma vez com os conceitos de “vilões”.
Como muitos se lembram o primeiro filme foi um sucesso em sua estreia, com exceção de “A Era do Gelo” até então o mercado de animações no cinema era dominado pela Disney, Pixar e Dreamworks e outras produtoras quase sempre entregavam filmes medianos ou fracassavam, mas em 2010 tudo mudou com a produtora que apostou nessa história sobre um vilão que adota três órfãs, o sucesso foi enorme e impulsionou outros filmes da produtora como “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta” e “Lorax – Em Busca da Trúfula Perdida”, além de fazer com que se abrisse espaço pra concorrência ser bem sucedida como em “Angry Birds” e “Hotel Transilvânia”.
Pois bem, falemos então do novo filme, com um roteiro simples, mas bem executado acompanhamos a rotina de Gru, Lucy, as meninas Agnes, Margo e Edith além é claro dos amados Minions, agora Lucy e Gru agem como agentes contra vilões e precisam enfrentar Balthazar Bratt, ex-ator mirim dos anos 80 que surgiu e se tornou o vilão que interpretava em seu programa de TV.
Entretanto durante uma missão Gru fracassa e após haver uma mudança na liderança da organização ele acaba sendo demitido junto de Lucy, em meio a essa nova realidade ele descobre possuir um irmão gêmeo rico, esbelto, atrapalhado e otimista que fará de tudo para seduzir o irmão para ser um vilão e lhe ensinar tudo que sabe.
Como percebe-se a trama tenta trazer dois elementos chaves do primeiro longa, começando pelo foco familiar ao trabalhar a dualidade e discrepância entre Dru e Gru, depois ainda tivemos o retorno do lado vilão de Gru, que para a alegria dos fãs, funcionou muito bem dentro de sua narrativa, fazendo essas mudanças soarem coesas com a aventura. Esse torna-se um dos pontos mais altos da produção, pois desenvolve-se um senso de família diferente para Gru e cria-se um vínculo forte com seu irmão Dru, no qual ambos trocam experiências e aos poucos se entendem e claro, o filme merece um ponto por ter evitado o clichê da rivalidade de irmãos e focar em uma parceria entre eles.
Além desse arco, o filme ainda desenvolve muito bem as suas subtramas, trabalhando um senso de maternidade em Lucy com Agnes, Margo e Edith que aos poucos se entende como mãe e passa a compreender melhor cada uma das meninas, além disso ainda temos a trama do desenvolvimento dos planos do vilão Balthazar, totalmente criado com base na cultura dos anos 80, algo que diverte muito os adultos. Por último ainda temos os alívios cômicos dos Minions, esse talvez seja o elo mais fraco, pois ao contrários dos outros filmes apesar de trazerem cenas muito divertidas eles são usados como objetos de cena no filme sem nada a acrescentar dentro do longa.
Com uma trama direta, emocional e com muita ação esse é o filme mais divertido da franquia desde o primeiro, mas isso também se deve as vozes, principalmente graças à boa dublagem brasileira que encontra em Leandro Hassum uma adaptação perfeita da performance de Steve Carell que insere personalidades tão distintas em Gru e no irmão Dru, há também ótimas performances de Maria Clara Gueiros ao viver mais uma vez Lucy e no grande destaque da vez, Evandro Mesquita, que traz muito de sua própria personalidade ao infame Balthazar, vilão extremamente caricato que dá muita aberturas ao dublador.
O design se mantém o mesmo das aventuras anteriores no estilo cartunesco e expressivo de cada personagem mas que ainda traz um carisma e ar de originalidade, assim como a estrutura de montagem e movimentos do longa, mais uma vez percebe-se que um dos grandes atrativos para crianças não está só nas histórias, como também na forma que é direcionada e orquestrada a ação despirocada, insana e de proporções colossais que nutre grande inspiração dos exageros de James Bond dos anos clássicos, mas que ao aumentar a escala e trazer o tom animado diverte e empolga não só crianças como também aos adultos, mas claro, sem nunca perder o humor que é a raiz principal dessa franquia.
E como se já não tivesse tudo isso a seu favor, o filme ainda é bem guiado na direção tornando-se uma obra prática, divertida e boa para se curtir em qualquer momento. A estética aplicada trata de inserir muitas referências aos anos 80, desde visuais até dentro de sua trilha, uma das melhores já vistas com clássicos sendo tocados a todo momento. Será difícil resistir à tentação de buscar a trilha sonora do longa após sair do cinema.
“Meu Malvado Favorito 3” toca nos pontos certos da família e ação, assim como seu primeiro filme, agradando fãs adultos e crianças, o longa ainda é cheio de referências a todo momento e introduz um novo personagem que promete ser tão amado quanto Gru, nos fazendo torcer muito por uma sequência. Que venham muito mais filmes pois, Gru, Lucy e Agnes merecem.
Confira a nossa entrevista com Leandro Hassum, Evandro Mesquita e Maria Clara Gueiros, os dubladores do filme: